tela de Dina MVentura
Despertei ao som de um grito
Ou melhor, de uma frase bombástica:
“Interpreta o passado, vive em verdade o
presente e conhecerás o futuro”
Julgando ser a profecia para resolução dos
erros humanos, decidi partilhá-la.
Foi o que fiz, convencida que era nesse
processo que vivia.
Na verdade tento viver e por essa razão o
que me leva a escrever nesta folha de papel este desabafo.
Em verdade vivo, mas será que realmente o
é?
E se algo no passado foi mal interpretado?
Esquecido ou atrofiado? Até que ponto a verdade do presente é real?
Assim me encontro, tentando buscar
respostas em mim,
Recorrendo ao passado, para que o presente seja vivido
Em verdadeiro conhecimento de mim e não um simples ideal de futuro
Estruturado em bases desconhecidas.
Pergunto-me como se esquecem coisas
importantes do nosso percurso.
Porque se esquecem?Será porque nos magoaram ou podiam magoar
ainda
Será por não lhes termos dado importância ou por nos penalizarmos e sentirmos
relutância
Em nos aceitarmos despidos aos nossos
olhos.
Em verdade me questiono
Me desdobro em mim
Sacudo a alma para que se decomponha e me mostre toda a minha verdade
Sem vergonha.
Aí, sentimos várias que se atropelam, se afrontam e ficam em desalinho
Sem saber afinal qual o caminho
Que as reunirá.
Insensatez da vida, dos caminhos percorridos
Dos medos assumidos
Que trucidaram os sentidos.
Por isso a cada momento vivido há necessidade de o receber
Não como um dado adquirido mas batalha por vencer.
E em cada pedaço do caminho existem lugares reservados
Que nem mesmo quando se está sozinho
Podem ser alcançados.
Não vale a pena maltratar-se por não ter feito o que se queria
Compensa avaliar-se e trazer à luz do dia.
Tudo o que temos em nós é possível alcançar
Mesmo que pareça impossível vale sempre a pena tentar
E descobrir o que de nós escondemos mesmo que sem intenção.
Mas sentimos que serão medos que nos bloqueiam o coração.
Por isso o trabalho do passado é tão importante no presente
Para que o futuro não seja ocupado por algo que não se sente.