sábado, 11 de abril de 2009

MUNDO DOURADO





Existiu na mitologia uma Era Dourada, conhecida como uma época de paz,
prosperidade, harmonia e estabilidade. Na literatura geralmente termina com um
acontecimento devastador, chamado de “A queda do Homem”. Mito ou
realidade por onde andamos nós. Em busca dele ou a destruí-lo?



Mundo dourado
Óleo - Dina Ventura


Arrefecimento colectivo

Porque se deixam as pessoas arrefecer pelo mundo!
Porque são levados por ele, na sua marcha sem rumo!
Porque não ficam consigo próprias, deixando de querer o que não lhes pertence.
Porque deixam de ser elas para alcançarem coisas sem sentido?
Porque escolhem o caminho que as vai deixar perdidas?
Será que não conseguem fazer a distinção?
Ou será que lhes é mais fácil seguir por um caminho já trilhado?
Quando ele não existe, para o terem, têm de o começar.
Seria mais difícil sem dúvida, mas de certeza muito mais perfeito, pois seria o caminho à medida.
O caminho pensado, imaginado e que com maior ou menor dificuldade, ia sendo desbravado.
Por mais rústico que fosse, era o caminho pisado pelo próprio, pelo dono que o admirava, pois tinha sido construído com o suor da alma!
(in: nas asas do vento encontrei, de Dina Ventura)

LIBERDADE - TRISTE

Sábado véspera de Páscoa. Aguardo. Enquanto o faço penso nos sentimentos e emoções de quem está privado da liberdade.
Entre quatro paredes de uma cela ou dentro do seu próprio corpo. Tento e não consigo imaginar o que vai na cabeça de quem está nessa situação. Pensará na família? No Domingo de Páscoa? Sentirá que está ali injustamente ou simplesmente, antes ali do que num local pior ainda? Questionará o porquê de estar? O que teria feito de diferente para que isso não ocorresse, ou nem pensará em tal?
Ao ter estes pensamentos sinto-me aprisionada em mim. Que fazer para me libertar? Deixar de pensar no assunto ou tentar entender os porquês? Mas fazendo-o não será tentar aliviar o mau estar que causa? É uma situação para alguns por demais vivida e para outros algo que de tão novo, desconhecido e distante mais parece irreal. Há medida que vamos vivendo as situações, apesar de serem as mesmas, tornam-se mais compreensíveis, mesmo que não aceites. Mas que fazer? Há que aguardar, fazer o que se sente ser possível e simplesmente estar aqui, a aguardar a hora da visita e repensar o que é a liberdade, com tristeza!

TRISTEZA O QUE É?
Cavalo morto em liberdade.
Floresta virgem queimada pelas chamas.
Abraços bem fortes na despedida.
Olhos que vEêm o que vai no mundo. Olhos cegos para o que existe!
Crianças sorrindo à esmola dada. Velhos chorando os dias passados.
Mãe limpando as lágrimas pelo que perdeu.
Campos abertos cercados de arame. Cidades abertas fechadas para o Mundo.
Casas brilhando sob o fogo das armas.
Riqueza pobre de um rico qualquer.Trabalho esforçado dum preso à vida.
Morte natural sem esperança de Vida. Vida morta duma forma natural.
Tristeza triste de não saber o que é Tristeza. (in nas asas do vento encontrei Orixá)