Cada alma é uma peça de um Puzzle maior.
Mas apesar de fazer parte de um todo, é única e individual.
Mas e se outra peça coincidente aparece? Não é ela, é outra.
Apenas se complementam, se confundem e se parecem,
Porque têm arestas coincidentes. Serão arestas? Não sei.
Mas é nisso que elas se sentem, sabem e reconhecem
O lugar onde estava unidas, em contacto e donde provêm.
A alma não esquece, apenas sente o vazio de nem sabe o quê.
E quando se apercebe, tudo se revela e desperta.
Remexe-se, revolta-se, luta para se desligar e pergunta como lidar.
Como saber em que arestas estavam unidas e como separar?
Provoca confusão, união, dissolução e incompreensão.
Tudo parece o mesmo, tudo é sentido igual, mesmo sem qualquer justificação.
Há a identificação. Sentem o fio que as liga e obriga a reconhecer
O cordão umbilical e por mais que custe entender, ele é real.
É o toque das almas. É visível, palpável, sentido e apreendido.
Mas não existe, apenas coexiste e não passa de ilusão.
Liga-as, amarra-as, sufoca-as porque sorvem o mesmo ar.
Há que cortar.
Mas cortar o quê? Se nada é real e sim e apenas,
Uma recordação, uma memória de outro lugar?
Enquanto não se apercebem, sentem-se, vêm-se e tocam-se
Sem se tocar, sem se encaixar, pois a aresta está fora do lugar.
Então nada acontece, apenas entristece, desaparece e se torna irreal.
Só resta a casa comum, o Puzzle Etéreo donde fazem parte.
Que sentem e sabem existir mas que aqui não tem lugar.
Resta apenas esperar pelo regresso e simplesmente recordar.
Dina Ventura 20 de Junho de 2009