sábado, 20 de junho de 2009

PUZZLE ETÉREO

by: dv

Cada alma é uma peça de um Puzzle maior.

Mas apesar de fazer parte de um todo, é única e individual.

Mas e se outra peça coincidente aparece? Não é ela, é outra.

Apenas se complementam, se confundem e se parecem,

Porque têm arestas coincidentes. Serão arestas? Não sei.

Mas é nisso que elas se sentem, sabem e reconhecem

O lugar onde estava unidas, em contacto e donde provêm.

A alma não esquece, apenas sente o vazio de nem sabe o quê.

E quando se apercebe, tudo se revela e desperta.

Remexe-se, revolta-se, luta para se desligar e pergunta como lidar.

Como saber em que arestas estavam unidas e como separar?

Provoca confusão, união, dissolução e incompreensão.

Tudo parece o mesmo, tudo é sentido igual, mesmo sem qualquer justificação.

Há a identificação. Sentem o fio que as liga e obriga a reconhecer

O cordão umbilical e por mais que custe entender, ele é real.

É o toque das almas. É visível, palpável, sentido e apreendido.

Mas não existe, apenas coexiste e não passa de ilusão.

Liga-as, amarra-as, sufoca-as porque sorvem o mesmo ar.

Há que cortar.

Mas cortar o quê? Se nada é real e sim e apenas,

Uma recordação, uma memória de outro lugar?

Enquanto não se apercebem, sentem-se, vêm-se e tocam-se

Sem se tocar, sem se encaixar, pois a aresta está fora do lugar.

Então nada acontece, apenas entristece, desaparece e se torna irreal.

Só resta a casa comum, o Puzzle Etéreo donde fazem parte.

Que sentem e sabem existir mas que aqui não tem lugar.

Resta apenas esperar pelo regresso e simplesmente recordar.

Dina Ventura 20 de Junho de 2009