domingo, 7 de junho de 2009

CHAMAR A razão À RAZÃO


Sentei-me com a razão e questionei-a:

Preciso que me respondas às perguntas que não fiz.

E a razão, sem razão aparente não ouviu, apenas se levantou e saiu.

Ou mentiu?

E agora que faço sem ela? Recorro a quê, à razão de não a ter?

Ou ao ter, sem ter razão?

Mesmo que não saiba o que ela diz, posso-me aperceber,

Sentir se a razão está feliz e se é o que diz ser.

Nem sempre se percebe o que diz

Subentende-se o que ignora.

Se o sabe, não o nega, se o quer não desdiz.

Apenas recorre à fuga para não ser infeliz.

É o que a razão quer. Lutar com o que pode e não quer.

Retirar poder ao que não tem.

Deixar para os outros o que sobra sem ter de provar a ninguém.

Ignora simplesmente sem razão, o que a razão lhe mostra.

Julga que no fundo tem a semente, da árvore que já está morta.

E na sede de não perder, acaba por não alcançar.

Recorre ao que a razão não quer mas vai se deixando arrastar.

Dina Ventura - 6 Junho 2009