Sentei-me com a razão e questionei-a:
Preciso que me respondas às perguntas que não fiz.
E a razão, sem razão aparente não ouviu, apenas se levantou e saiu.
Ou mentiu?
E agora que faço sem ela? Recorro a quê, à razão de não a ter?
Ou ao ter, sem ter razão?
Mesmo que não saiba o que ela diz, posso-me aperceber,
Sentir se a razão está feliz e se é o que diz ser.
Nem sempre se percebe o que diz
Subentende-se o que ignora.
Se o sabe, não o nega, se o quer não desdiz.
Apenas recorre à fuga para não ser infeliz.
É o que a razão quer. Lutar com o que pode e não quer.
Retirar poder ao que não tem.
Deixar para os outros o que sobra sem ter de provar a ninguém.
Ignora simplesmente sem razão, o que a razão lhe mostra.
Julga que no fundo tem a semente, da árvore que já está morta.
E na sede de não perder, acaba por não alcançar.
Recorre ao que a razão não quer mas vai se deixando arrastar.
Dina Ventura - 6 Junho 2009