quinta-feira, 25 de junho de 2009

OUSADIA - CONTRARIAR LUíS VAZ DE CAMÕES

bv: dv

Talvez por ser incomparável o posso fazer, porque não?

O pensamento é livre. E de tanto o ser, não o consigo controlar.

Hoje acordou-me e gritou em surdina:

Vais voltar a escrever e sabes o quê? Vais contrariar Camões!

Como fazê-lo se ele é o expoente máximo do que não sou?

Como atrever-me a compreender o incompreensível para contrariá-lo?

Mas não tenho alternativa o pensamento exige, maltrata-me até o fazer.

Pois seja. Então contrariemos Camões!

Porque o amor é fogo que arde e se Vê!

É isso, é por aí que tens de começar! Pelo mais conhecido!

Pois será ainda maior o risco, maior o atrevimento!

Cala-te pensamento e deixa-me pensar, ou melhor não pensar

Para conseguir concretizar.

Amor é fogo que arde e se vê. Não é ferida, mas dói.

E é dor, mas que não perde o rumo, apenas para doer.

Ela sabe o que faz, pode entrar em desatino, mas não perde o tino.

É algo sem limites, portanto não se deixa de querer mais.

Seja o que for que se queira, será sempre mais nem que seja nada ter.

É geralmente solitário, quando acompanhado pela multidão,

Mas que sempre acompanha e está no coração.

Mandando embora a solidão.

É um apaziguar-se com o que tem e beber na felicidade real.

É um sentir que se perde, mas apenas se não se tiver o sentir.

É não sentir necessidade de prisão e libertar-se na imensidão.

É nunca precisar servir porque não há vencedores,

Nem vencidos…existem os iguais.

Do que se dão, ganham Vida, Crença e é o Amor a semente,

Que entra nos corações, no corpo, na alma e na mente

E desperta os mais distintos e nobres sentimentos

Sem fingimentos, pois se ele É, não será contraditório.

Pode ser incompreensível, inatendível, mas não contraditório.

Não tem prisões, nem amarras, nem esperas, nem alcances.

Ele é a liberdade do sentir, que por vezes ninguém entende.

Ou melhor, diz entender mas não é capaz de o Viver.

Dina Ventura 25 de Junho de 2009