
Óleo bv: Nanduxa
Há a contenção. Portanto algo guardado, intimo, não revelado!
Será? Independente de que tipo for, não deixa de o ser.
Basta-lhe ganhar, ou simplesmente retirar-se da luta
E esconder-se em sim mesmo, num acto de recato.
Timidez, alegria ou tristeza contidos no sentimento de auto desafio.
E na sua definição, se a tiver, contém muitas variantes:
Agradáveis, leves, irónicas ou desprezos, quem sabe inconstantes.
Não faz ruído, talvez nem o mundo nem se aperceba
Do ligeiro alterar de lábios, ou nem consiga decifrar
O que a íris não quer, mas é impossível e deixa passar.
Está dentro sim, mas transmite, repercute pois é um sinal,
Diz respeito à alma ou natureza moral.
A consciência íntima é um mar, que se encontra circundado
Por terras, ou circunscrito por continentes, mas
Ele é o próprio e faz, ou não, oposição a estrangeiros.
Se o sorriso interior projecta o sentir a perda, o reclamar
Ou mesmo o comover, vai ter de verter ou derramar as gotas de água
E quem sabe, chorar de alegria ou da dor do cicatrizar!
Será? Como a videira que ao ser podada deixa escapar a seiva
Por ter sido golpeada, ela chora ou sorri?
Ninguém sabe traduzir.
Depende do que se interpreta e o que cada alma sabe de si!
É uma questão de cultura interna, que tal como noutras,
O sorriso passa a choro declarado, através do cantar e dançar
Ao som duma viola. Quem sabe pedir, de forma ardilosa,
Escondendo o verdadeiro pedido.
Chorar misérias, ou pedir algo e por algo usar de lérias.
Será secretamente lastimar-se por uma facto irremediável?
Ou um sentido pranto, de dor e arrependimento
Bem dentro, bem fundo, reprimido e que sustém a acção.
Proibir-se, conter-se, será uma forma de morrer ou vencer.
Que o sorriso se manifeste, no e do interior, assim saberemos.
Dina Ventura 15 de Julho de 2009