quinta-feira, 16 de julho de 2009

SORRISO INTERIOR

DUAS METADES
Óleo bv: Nanduxa

Há a contenção. Portanto algo guardado, intimo, não revelado!

Será? Independente de que tipo for, não deixa de o ser.

Basta-lhe ganhar, ou simplesmente retirar-se da luta

E esconder-se em sim mesmo, num acto de recato.

Timidez, alegria ou tristeza contidos no sentimento de auto desafio.

E na sua definição, se a tiver, contém muitas variantes:

Agradáveis, leves, irónicas ou desprezos, quem sabe inconstantes.

Não faz ruído, talvez nem o mundo nem se aperceba

Do ligeiro alterar de lábios, ou nem consiga decifrar

O que a íris não quer, mas é impossível e deixa passar.

Está dentro sim, mas transmite, repercute pois é um sinal,

Diz respeito à alma ou natureza moral.

A consciência íntima é um mar, que se encontra circundado

Por terras, ou circunscrito por continentes, mas

Ele é o próprio e faz, ou não, oposição a estrangeiros.

Se o sorriso interior projecta o sentir a perda, o reclamar

Ou mesmo o comover, vai ter de verter ou derramar as gotas de água

E quem sabe, chorar de alegria ou da dor do cicatrizar!

Será? Como a videira que ao ser podada deixa escapar a seiva

Por ter sido golpeada, ela chora ou sorri?

Ninguém sabe traduzir.

Depende do que se interpreta e o que cada alma sabe de si!

É uma questão de cultura interna, que tal como noutras,

O sorriso passa a choro declarado, através do cantar e dançar

Ao som duma viola. Quem sabe pedir, de forma ardilosa,

Escondendo o verdadeiro pedido.

Chorar misérias, ou pedir algo e por algo usar de lérias.

Será secretamente lastimar-se por uma facto irremediável?

Ou um sentido pranto, de dor e arrependimento

Bem dentro, bem fundo, reprimido e que sustém a acção.

Proibir-se, conter-se, será uma forma de morrer ou vencer.

Que o sorriso se manifeste, no e do interior, assim saberemos.

Dina Ventura 15 de Julho de 2009