quarta-feira, 13 de maio de 2009

PÁGINA EM BRANCO

by: dv


A página em branco é um desafio.

Olha-a e sinto que me vê de forma profunda.

É ela que arranca de mim tudo o que não sei dizer.

Quando lhe transmito o que vê, acho-me louca.

Ela sorri com ar concordante, mas não dá resposta.

Aguarda, apenas com o aceno da linha em branco,

Para que eu avance. Pergunto para onde e porquê?

Para que serve o que sai? Ninguém lê.

E se lê, fará sentido o que nem sentido tem para mim?

Sinto que amuou, a página em branco.

Talvez receosa por não ser preenchida

Ou talvez por me conhecer como ninguém.

Eu e ela somos uma.

Mas existem os computadores! Ela não quer.

Diz simplesmente…isso é para depois.

Depois faz comigo que quiseres.

Mas agora sou eu e tu, cara a cara, com um elo de ligação;

A caneta. Cordão umbilical entre ti e mim, acresce um dedo.

Mais um…o do sexto sentido, que te permite falar comigo.

Assim, depois de cumprida a tarefa, podes passar-me a limpo.

Amarrotar, rasgar e destruir. Já fiz o meu papel.

Do branco de mim, tirar de ti a cor

Que jamais conseguirias sem mim!

Dina Ventura – Maio 2009