segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

AMOR NA SAUDADE

Enquanto espero nada sinto
A não ser a angústia da espera.
Existem sofrimentos por perdas.
Olhos inchados pelas lágrimas vertidas
Ou pela dor de achar que não se sente.
Ninguém acredita no óbvio.
Recusam aceitar o que é certo,
Mas nada podem fazer.
É a hora. Chegou a hora da despedida.
Chamam-lhe partida. Será que é?
Ou será um regresso,
Em hora não coincidente com quem fica?
Sensação de dor sem haver ferida.
Sensação de cura sem estar doente.
Ânsia no encontro sem estar marcado.
Refrescar a mente com o frio da ausência.
Perder o medo na maior ameaça.
Dormir acordado com medo de esquecer.
Aquecer a alma na fogueira apagada.

Dina Ventura 21 de Fevereiro 2010

CANTEIROS DA VIDA

Quando sinto a falta, Procuro.
Se não encontro, Recordo.
Se não tenho memórias, Sonho.
Se o sonho se perde, Fantasio.
Afago o meu ser, em mim
E atraso o relógio do encontro.
Reparo que parou, não anda.
Aceno ao tempo que me espera.
Não sabe quem sou e sim no que me vou tornando.
Sem pressa, caminho pelos canteiros da vida.
Colho as flores, reponho sementes,
Arranco pedaços de ervas ruins
Que crescem, ao acaso, para me fazerem notar
Que nem tudo é perfeito, mas tem de ser feito
Para que o equilíbrio se dê.

Dina Ventura – 21 de Fevereiro 2010

LABIRINTO

Neste espaço minúsculo percorro uma imensidão.
Ando na água até perder o pé
E nado até perder as forças.
Ando em terra e perco o Norte,
Volteando nos caminhos isolados.
Voo no espaço para alcançar o Sol,
Mas situo-me no que arde, para não me perder.
Saltito no fogo em busca de calor,
Da luz que me guiará através dos elementos.
É com eles que me embrenho na densidade
A que o labirinto me reduz.

Dina Ventura – 21 de Fevereiro 2010