domingo, 18 de outubro de 2009

ESTADOS - EFEITOS - QUALIDADES - IV


Fotografia de: A.Pombo

UNIVERSO
O todo que não se alcança. O sistema Solar com os seus planetas satélites e estrelas.
O tão almejado tudo que existe, sem se saber o que é.
O sistema do Mundo. Reduz-se. Passa ao mundo. À Terra e a nós.
À nossa universalidade. Ao domínio moral ou material comparável esta dimensão.
Passa-se do tudo que existe e não se sabe, àquilo a que se limita o nosso pensamento ou acção. Isso resume-se ao nosso universo. Linhas idênticas de universos paralelos que se resumem a expansão, continuidade das estrelas e luz.
Tal como nele tudo em nós se forma de pequenos nadas.
Partículas simples mas que não deixam de ser fundamentais.
Que tal como no Universo os fragmentos se encontram submetidos a duas forças:
A da gravidade ou reacção devido à densidade da massa, corpo.
Outra a força explosiva provocada pelos sentires.
Assim somos universos habitando o Universo.

ESPERANÇA
Acto de fé que a antecede e de espera de um bem que se deseja.
Consoladora na e da ausência.
Segunda de três virtudes teologais que se complementam.
A primeira, carrega a fidelidade a promessa ou compromisso
Confiante na lealdade no saber e na verdade do que a esperança deseja.
A última leva-nos a desejar a felicidade que a esperança almejava
E quando se alcança a entregamos sem reclamar.
Sempre ambiciona algo novo que parece destinado. Futuro brilhante.
Tal como para Alexandre, ela é o estandarte dos que se lançam,
Em empreendimentos ousados, contando apenas com os recursos da sua inteligência, esforço e entrega por bem querer.
Simbolizada, muitas vezes, por uma pequena e jovem ninfa de rosto sereno, que segura com firmeza na sua frágil uma flor. De nada mais necessita. Despojada de tudo, resta a beleza de ter acreditado na Esperança.

MÃOS DADAS
Não apenas parte de um corpo, ou escova de pontas metálicas que serve para cardar.
Ao serem cortados, os membros das reses passam a sê-lo também.
O conseguir fazer as coisas de maneira e feição, permite-te o título de mão para.
Mas terá de saber executar.
Unificadora, liga a conta ou chicote de um cabo a si mesmo.
Pode ser a medida certa ou não, depende da capacidade de bem pegar.
Protege ou ofende. Acaricia ou maltrata. Faz e desfaz.
De mão dada é ajuda, protecção e auxílio.
Portadora de destinos!
Alberga em si as linhas da vida, da cabeça, do coração e da fortuna ou sorte, que está associada a um dos mais longínquo planetas, quem sabe contendo nos seus anéis a história guardada de cada um.
Na base dos dedos estão as qualidades, registo das alegrias e tristezas!
As ambições também estão lá, incentivando a felicidade a sabedoria, a inteligência, o gosto pelo belo, o trabalho, o amor, a coragem, o sonho, a melancolia, a castidade, a elegância e o amor do Amor.
Quando se unem as mãos dá-se a entrega, a dádiva do tudo que se possui!
De mãos dadas a força da imensidão!

FALAR
Ao pensar nela liga-se a palavras ditas, ao emitir e proferir sons!
Mas será obrigatório?
Exprimem-se pensamentos em palavras não ditas, mas a quem se dirigem?
Alguém as conseguirá ouvir por as sentir? Trabalho árduo esse!
O falar será então substituído por gestos, símbolos ou apenas olhares.
Como a honra, que também fala e é necessário obedecer-lhe!
Revelar nos olhos todas as palavras, que falam os pensamentos sentidos!
De mil formas se pode falar, mas de poucas o sabemos fazer. Há, no entanto, uma escola importante de ensino árduo e solitário. Falar consigo mesmo!
Palavras escutadas em surdina, por vezes agredidas e que dão a resposta.
São duras, talvez por isso, não passarem de sons articulados no silêncio do ser.
Melhor seria transparecer, trocar, falar palavras diferentes com significados comuns.
Aprender o que as palavras querem dizer é fácil, senti-las mais difícil.
Traduzi-las com fervor para que não tropecem, caiam, se amolguem e percam o valor.
No guardador de palavras, elas “estão”, à espera de serem lembradas, ditas, escritas, faladas e sentidas!
Há que falar!

ESPÍRITO DA CARNE
Dos músculos à parte mole dos corpos, tal como a polpa de certos frutos e à natureza humana, no ponto de vista da sensibilidade. Pois como diz o ditado “a carne é fraca”. Que seria então dela sem o espírito? Seria devorada como a de um animal ou fruto qualquer, para sobrevivência, gula ou simples prazer.
Que forma anímica lhe incute essa substância incorpórea? Esse espírito? Dá-lhe o alento vital. Alma.
Ente imaginário, que se prova a si mesmo de forma irrefutável. Transformando a carne que alberga, desenvolvendo-a, criando um espírito e ser superior.
Corpúsculo, a quem é atribuída a faculdade de levar a vida e o sentimento aos diversos pontos do organismo animal, deixando de ser apenas carne e transformando-o em espírito da carne. Em uníssono os dois se ligam, os dois evoluem e Vivem em comunhão. Compensam-se, apoiam-se e satisfazem-se mutuamente. O espírito apazigua a da carne, quando esta apenas é vista como objectivo sem espírito.

LUZ
Claridade, o que ilumina e torna visível. O astro Rei.
É a evidência, a verdade, a ilustração e o esclarecimento.
O brilho e o fulgor, que está na luz dum simples olhar.
Tudo o que ilumina o espírito, dando claridade intelectual, intuição, faz tornar evidente, aparecer e ter valor. Faz-se luz!
É a revelação, a fonte da verdade. Remete para o nascer do Sol, o abrir dos olhos e ou a alma.
Conhecer e dar conta do que se ignorava. Sem ela nada se vê, nada se sente.
Tudo seria gélido, agreste, morto e sem vida. Pois é ela que faz vibrar, nas ondas que recebemos e provocamos.
Vivemos nos sentidos, reflectidos, refractados e de difusão.
Somos senhores da sua velocidade e intensidade. Se é invisível, negra, fluorescente ou fria.
Sem ela os seres definham, não crescem e não evoluem.
A luz é algo que se vê no exterior, mas que mora no interior de cada um!
Para que a luz nos ilumine de verdade é preciso Abrir os olhos da alma!

Dina Ventura – Outubro de 2009