quinta-feira, 9 de julho de 2009

REPETIÇÃO

É algo ambíguo e com bastante duplicidade.

É um acto ou efeito. Ao reiterar-se a mesma ideia pode ser cansativo.

Ao repetir a mesma palavra pode ser um erro.

Mas por outro lado, uma figura de retórica com intenção formada:

Repetir a mesma coisa, a mesma ideia, palavra ou acto

Dando mais energia e ênfase ao que se pretende, ou subentende.

E é nessa palavra que me apoio para receber uma lição particular…

Para completar as lições que tenho de aprender e saber,

Estudar e compreender para, se necessário, as repetir noutro circuito.

Também tal qual o espelho repete a imagem das coisas e reflecte.

Como o vale que repete, repercutindo o som à origem

Ou que promove o seu reaparecimento, no mesmo ou noutro lugar.

Será que se torna cansativo? Sim acho que muitas vezes o será!

Então que fazer?

Como não deixar que a fadiga se instale?

Que o espírito não se canse?

Tal como o sol fatiga a vista…há que descansar!

Para ganhar forças, criar espaços, fazer esquecer…

Para depois recomeçar…

7 de Julho de 2009

VANGLÓRIA DO SER - CALIBRE

Podem não existir obrigações a serem vividas e sim e apenas, ajudas e apoios para a transformação, ou simplesmente encontros presenteados pelo acaso. Talvez sejam oportunidades permitidas para vermos, o que está bem ou mal, ou então esconder de si mesmo o que acha que deve. A ele lhe cabe.
Não se deve entregar tudo ao destino e ao tempo. Nascemos das famílias que nascemos, porque é através delas e no seu seio que nos encontraremos e veremos quem somos, mesmo não tendo. Que enfrentaremos as nossas dificuldades e os degraus que teremos para subir. Difícil? Sim por vezes.
Mas quando percepcionado, as forças redobram-se.
Renovam-se e a cada degrau se renasce.
Aí encontramos companheiros de viagem, que descansam no desânimo da longa caminhada ou na esperança.
Retomamos encorajados por eles, ou encorajando-os.
Ou então nem os vemos, não nos apercebemos porque estão.
Mas sempre há a despedida no abraço de consolação ou solidão. Mas há.
Pois o nosso eu requer e exige a solidão para se encontrar.
Mesmo que isso nunca aconteça na totalidade, são regressos ao interior, chamados sinuosos, tortuosos e até enganadores.
Dizem-se perfeitos, enredam-nos na ilusão e fazem com que percamos a razão, a noção do somos, para que estamos e para onde vamos.
Reflectem-se em nós os brilhos ofuscantes, o que achamos nos ofuscam, sem pensarmos ou avaliarmos que somos nós os reflectores e refractários de tudo o que nos cerca.
Mas se sabes quem és ou finges saber ser, olha ao teu redor e nos outros te reconhecerás. Olha bem, com quem te enfureces e tenta compreender. Esse ser, só te pode enobrecer, pois faz saltar o que ainda terás e poderás trabalhar.
Nunca te vanglories do que achas ser, pois quando o fizeres deixas de ser.
O que É não se fala, não se enumera, nem nunca se altera. Apenas flui, deixa transparecer, é absorvido e emanado do Ser. Porque apenas É para ser.
Ninguém é mais ou menos. Mal de quem se acha acima ou abaixo e se esquece do seu lugar. Esse sim é importante, é mutante e faz nivelar.
Nada pode contra o nível a que cada um se propõe, mesmo que os desníveis se aproximem a cada instante. Pois é nesse tempo, nesse momento, que o nível do ser pode e deve melhorar.
Calibre? Sei lá! O que importa é que Seja, tenha dimensão e grandeza! Espécie e qualidade e não se refugie na inutilidade da vangloria do ser.
Dina Ventura 6 de Julho de 2009

À LUZ DAS VELAS

bv: dv

I____________________________________________

As vaidades das grandezas humanas são o que valem.

Não passam de meras fragilidades, coisas vãs e fúteis

Desejo de brilhar para atrair a atenção dos outros.

Presunção ridícula.

Que ganas! Desprezar as vaidades mundanas!

Ostentar os pergaminhos, a inanidade das ambições humanas!

Se tudo o que é inane se preenchesse, que aconteceria?

Que seria dos espaços da vaidade da grandeza humana?

Acabavam as fragilidades, as coisas vãs e fúteis?

Existiria o desprezo pelos mundos inúteis.

Mas será que mesmo assim acabaria o desejo de brilhar,

De atrair a admiração superficial dos outros,

Da presunção ridícula de qualquer forma atrair e querer atingir.

Cair na tentação e vanglória do orgulho mísero dos seus pergaminhos?

Ao olhar o seu oposto, a modéstia vê o néscio

E no seu pedantismo e petulância apenas lhe restará o fogo-fátuo.

Valerá a pena, apenas por momentos sentir a vanglória?

Sentir que se é rei dum reino que não existe

E apenas persistir em reinar? E foi devido à falta de electricidade

Que todas estas barbaridades me assaltaram a mente,

Porque comecei a conversar com a folha ao contrário.

Ou seja, sem paciência para nada fazer, depois de ela se ter ido.

Então resolvi escrever à luz da vela e foi o seu bruxulear

Que me transportou para as brumas dicionárias!

Porque terá sido? Porque as palavras menos usadas se escondem?

Se esquecem, ou nos enlouquecem por não as escrevermos?

Mas se não as conhecemos, como surgem do nada no meio da escuridão?

Do nada escrevo, do nada penso, do nada aparece algo

E de algo nasce a Luz, apesar de continuar apenas à luz da vela.


II______________________________________________________

A espera mantém-se, pelo que não é habitual.

Sem ela tudo pára…comigo deu-se o oposto.

O pensamento não estando tão ocupado ou centrado,

Foge-me para coisas que não conheço…

Palavras “caras” dizem alguns! Ela vai ao dicionário!

E não é que fui? Fui mesmo! Ver os significados para inane.

Porquê para esta e não outra? Pareceu-me conhecê-la,

Ou quem sabe reconhecê-la e confundi-la com “insane”!

E não sei porque não o é e tem de ser insano.

Mas porque o terei pensado?

Para alguns até poderá ter significados próximos.

Sim porque se esta última nos remete para a loucura,

Para a insensatez e demência, talvez acabe por conduzir

Ao esvaziamento do conteúdo dito normal e vá cair no inane.

Mas enfim acaba por ser uma árdua tarefa

Dissertar sobre insano, porque no sentido figurado, é isso mesmo:

Difícil, excessivo e portanto um trabalho insano quase inane,

Escrever à luz de uma vela bruxuleante.

Dina Ventura 6 de Julho de 2009