quinta-feira, 9 de julho de 2009

À LUZ DAS VELAS

bv: dv

I____________________________________________

As vaidades das grandezas humanas são o que valem.

Não passam de meras fragilidades, coisas vãs e fúteis

Desejo de brilhar para atrair a atenção dos outros.

Presunção ridícula.

Que ganas! Desprezar as vaidades mundanas!

Ostentar os pergaminhos, a inanidade das ambições humanas!

Se tudo o que é inane se preenchesse, que aconteceria?

Que seria dos espaços da vaidade da grandeza humana?

Acabavam as fragilidades, as coisas vãs e fúteis?

Existiria o desprezo pelos mundos inúteis.

Mas será que mesmo assim acabaria o desejo de brilhar,

De atrair a admiração superficial dos outros,

Da presunção ridícula de qualquer forma atrair e querer atingir.

Cair na tentação e vanglória do orgulho mísero dos seus pergaminhos?

Ao olhar o seu oposto, a modéstia vê o néscio

E no seu pedantismo e petulância apenas lhe restará o fogo-fátuo.

Valerá a pena, apenas por momentos sentir a vanglória?

Sentir que se é rei dum reino que não existe

E apenas persistir em reinar? E foi devido à falta de electricidade

Que todas estas barbaridades me assaltaram a mente,

Porque comecei a conversar com a folha ao contrário.

Ou seja, sem paciência para nada fazer, depois de ela se ter ido.

Então resolvi escrever à luz da vela e foi o seu bruxulear

Que me transportou para as brumas dicionárias!

Porque terá sido? Porque as palavras menos usadas se escondem?

Se esquecem, ou nos enlouquecem por não as escrevermos?

Mas se não as conhecemos, como surgem do nada no meio da escuridão?

Do nada escrevo, do nada penso, do nada aparece algo

E de algo nasce a Luz, apesar de continuar apenas à luz da vela.


II______________________________________________________

A espera mantém-se, pelo que não é habitual.

Sem ela tudo pára…comigo deu-se o oposto.

O pensamento não estando tão ocupado ou centrado,

Foge-me para coisas que não conheço…

Palavras “caras” dizem alguns! Ela vai ao dicionário!

E não é que fui? Fui mesmo! Ver os significados para inane.

Porquê para esta e não outra? Pareceu-me conhecê-la,

Ou quem sabe reconhecê-la e confundi-la com “insane”!

E não sei porque não o é e tem de ser insano.

Mas porque o terei pensado?

Para alguns até poderá ter significados próximos.

Sim porque se esta última nos remete para a loucura,

Para a insensatez e demência, talvez acabe por conduzir

Ao esvaziamento do conteúdo dito normal e vá cair no inane.

Mas enfim acaba por ser uma árdua tarefa

Dissertar sobre insano, porque no sentido figurado, é isso mesmo:

Difícil, excessivo e portanto um trabalho insano quase inane,

Escrever à luz de uma vela bruxuleante.

Dina Ventura 6 de Julho de 2009

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