Logo a primeira palavra nos remete para o que será e aí medito.
Ao perguntaras o que é, não te consigo responder.
Só consigo sentir, que é um caminho, a forma de imergirmos em nós.
Ou caminhos mais ou menos longos, que temos de percorrer.
É um processo sem regresso, sem paragens ou retrocessos.
Assim que se enceta, não tem volta.
Só tem é a revolta de não se conseguir encontrar, chegar e entrar
Por outros e mais outros, até poder encontrar.
O quê? Também não sei, só sinto!
Que é imenso, intenso, que existe e é real, não tenho dúvidas.
É lá que ela se encontra, se define, se conhece e até esquece
Onde está. Num corpo apenas, que não lhe obedece,
Não corresponde ao que precisa, mas que não deixa de ser a ponte.
Entre o caminho e a fonte,
Onde só se consegue beber aos poucos dessa imensidão.
Mas enquanto se percorrem os caminhos, avançamos e reflectimos,
Que nem sempre o progresso é, o que pensávamos.
É uma estrada longa, solitária,
Onde por vezes aparecem outros caminhantes,
Que se aproximam ofegantes, talvez em busca de companhia,
Ou sabedoria, ou informação para conforto e confirmação
De qual a direcção. Mesmo sós, acompanham-se e iluminam-se,
Pois nesta insustentável vida terrena a alma é grande demais
E eu sinto-me tão pequena, diminuída perante ela,
Esmagada pelo seu peso que me tenta levantar.
Contradição? Não, apenas pequenez perante ela,
Que no entanto me conforta e ajuda a resignar,
Perante a minha incapacidade e incute-me a vontade de continuar.
De nunca desistir de percorrer os caminhos,
Mesmo que não tenha certezas se o serão, não passando de atalhos.
Mas o que importa é que me levem até Ela, porque é a recompensa.
Mas é assim…são os retalhos de cada retalho, que nos fazem progredir,
Andar, aprender, evoluir e encontrar nesta vida, os acessos,
Retalhos, luzes e forças para poder no final
Fazer o Manto de Retalhos, que se chama Vida a preencher.
Dina Ventura 26 de Junho de 2009