quinta-feira, 11 de novembro de 2010

POETA REFÉM


Se todos vivessem o amor
Que cantam na poesia
Não passavam por tanta dor
E tornavam a vida em magia
Sonhar e transpor para a vida
Com luz o que deseja alcançar
Reforça cada lição aprendida
Na conjugação do verbo Amar
Tal como na busca do ser
Se revela a verdade que tem
E nem tudo está no escrever
Quando a alma não contém.
E se a cor que pinta as letras
É feita de restos já gastos
Os versos não passam de tretas
Deixando o autor de rastos.
E quando se quer levantar
As dores são tantas e fortes
Que já não tem mais para dar
E encosta-se a suportes.
Embala-se no amor roubado
Que nem chega a ser seu
Porque o objecto amado
Nunca lhe pertenceu.
E assim a vida passa ao lado
De quem quer e nada tem
E tudo lhe é retirado
Ficando de si próprio refém.

Dina Ventura – “only me” – 11 de Novembro 2010