domingo, 14 de junho de 2009

INJUSTIÇA

by: dv

A injustiça cansou-se.

Decidiu então saber porque o era.

Olhou-se no espelho e reflectiu-se.

Olhou-se, remirou-se, encarou-se e amaldiçoou a sua gémea.

A outra cujo nome herdou, mas que ao aumentarem-no, tudo se transformou.

Só porque lhe colocaram um prefixo tudo nela mudou.

E afinal, qual das duas nasceu primeiro?

E com que direitos não a deixaram escolher? Era injusto! E chorou.

Que lhe vale esse “in” afinal, se apenas lhe trouxe peso, dor e condenação?

Deu-lhe estatuto, mas o oposto ao da irmã gémea.

A quem todos apelam, idolatram, veneram mas não respeitam.

A ela desprezam-na, odeiam-na, maldizem-na

Mas é com ela que mais se identificam, que usam e abusam

Acusam e maltratam, desculpando-se com ela.

Isso é muito injusto...pensou a injustiça. Que mundo este!

A justiça deixa o “in” e coloca-o na irmã gémea,

Lava as mãos como Pilatos e diz:

Tu! Tu és a culpada!

Foi um prefixo que tudo mudou…e novamente a injustiça chorou.

Por ter sempre consigo o “in!” que não a deixa viver em paz.

Para a justiça se mascarar e se proteger

A injustiça teve de nascer!

Dina Ventura 14 de Junho de 2009



CRIATURAS PRIVADAS DO POSSÍVEL

by:dv

Olhando de relance para a frase nada me diz, apesar de tudo conter.

Quando olhamos para algo e não se consegue decifrar que fazer?

Desistir? Ou simplesmente desmontar?

Ver peça a peça ao mais ínfimo pormenor para poder continuar?

Pois é o que vou fazer e ao pegar nas criaturas, transformo-as numa.

E passa a significar cada um dos seres Criados.

Homem, ser, pessoa que no sentido figurado

Muito deve a outrem e lhe é inteiramente dedicado.

Tenho orgulho em ser criatura e privar.

Pois privada também significa coisa íntima, privativa, só sua.

Assim privar com, ou seja relacionar-se com o possível,

Que simboliza o que pode ser, que é praticável

O que pode acontecer.

Pode ser com empenho, esforço, diligência, esmero e inteligência.

“Deus criou o melhor dos mundos possíveis”

Esta máxima do filósofo Leibniz, exprime tudo o que ela contem.

Que cada um, à imagem do criador promove o melhor mundo,

Dentro do que o seu entendimento concebe como possível.

E aí está: só possível quando se trata de uma criatura.

Pois quando passa a plural, tudo se torna mais difícil

Pois cada uma delas, realiza o melhor no seu mundo possível!

Mas como a cada um cabe o seu, nem sempre o possível o é.

Tornam-se, quem sabe, personagens, actores da realidade,

Onde desempenham o papel que lhes cabe.

E de verdade, na irrealidade, assim desconectados

Privam-se do possível e navegam no inconformismo existencial,

Das criaturas privadas do possível!

Dina Ventura 14 de Junho de 2009