sexta-feira, 6 de novembro de 2009

DESPOJAR


Forografia - Universo - gentilmente cedida por: MLinus


Saio de mim quando me encontro contigo. Porque tem de ser.
O caminho não é visível, em corpo.
Na estrada da vida, ouvi o som dos teus passos na mente.
Voltei-me de repente e senti. Tudo mudou, tudo está diferente.
Não tem portas, nem medos, apenas campos abertos de beleza.
Neles me encontro e conto segredos. Contigo, senti em nós a Natureza.
Nada de opções. Nada interfere porque a liberdade não tem forma.
Dispo-me dos receios, transponho barreiras,
Encontro os meios de abrir fileiras.
Nascem emoções, nas fontes. Sentimentos sonhados são sentidos.
Nada resta, nada falta, nada se tem. Nadas.
Tudo chega, tudo sobra e tudo está ausente. Presente.
Não existe, porque o que existe não se sente.
Apenas se saboreia a vontade de ter, de saber, de sentir e ficar.
Resta a vontade louca de beber, de entregar o que já está fora de nós.
É o contra-senso do que é intenso, que o mundo grita e se incendeia.
Para que reflicta e se repita, sem nunca ter acontecido.
Nasce ao acaso, por obra e graça. Sem promessas ou ilusões,
Apenas transporta e transborda sensações.
Sustos sem medos, sonhos sem dormir.
Abrem-se portas e janelas sem se abrir.
Procura-se tudo no lugar certo, que não se sabe existir.
Salta-se entre nuvens, refugia-mo-nos em recantos fechados,
Abertos em espantos e fontes de prazer.
Refazem-se as forças no continuar, no sentir de sentidos refeitos.
Nos acasos perdidos, de mil essências, que se buscam e ofuscam o real.
Nada se parece, por ser igual. Perde o sentido no erguido ermo do Infinito.
Persigo a fonte, mato a sede e morro junto, por não beber.
É a loucura da loucura perfeita.
O transmutar da mente, na agonia escaldante.
É o encontro do Mundo, no mundo existente,
Que não existe, mas persiste em ser Único.

Dina Ventura 6 de Novembro de 2009