quinta-feira, 2 de julho de 2009

DIVERTIDO

Dei de olhos com uma sinalefa para apreciação de textos!

E lá estava ela num simples espaço quadrado! Um visto

Em forma de ave longínqua, que denunciou a passagem

De alguém! Que ao ler, se leu, o que está escrito

Ficou quem sabe, alheio, desatento, alegre, entretido,

Ou quem sabe até recreado! Antes isso que o antónimo!

Mas divertido também pode significar, dissuadir-se de algo

Mudança quem sabe e desvio da aplicação.

O divertimento musical, são pequenos entre actos

Composto de dança e música, que terminam em representações

Dramáticas. Ora isso pode simbolizar, que nem sempre

O que achamos ou queremos acreditar ser divertido, o seja

E sim, não passe ou seja apenas um esforço para fuga

A representações mais profundas. Porquê?

Por falta de tempo, ou receios intensos do mesmo,

Porque a própria diversão contém o acto

De voltar para uma e outra parte, devido a inconstâncias.

Tal como uma operação militar ou doutro tipo qualquer,

Que apenas faz da diversão uma manobra,

Tendo como finalidade desviar o inimigo,

Tal como se tenta desviar o espírito para coisas diferentes,

Daquelas que nos preocupam, mexem, remexem e desnudam!

Portanto o que poderá ser um confronto,

Passa a divertimento estratégico.

“Isto” não é um poema e sim uma dissertação, acerca

De quem passa por aqui, que muito me enobrece a alma,

E considera o lugar, Regatos da Concentração, divertido.

Bem vindos e que realmente o sintam também como tal,

Que os ajude a desviarem-se do que os preocupa

E se sintam divertidos pelo menos por instantes

E que a Vida é o verdadeiro divertimento

Quando se consegue Alcançar. Mas temos de excluir

A tentação de passar divertido a divertículo

Porque passaria apenas a ser um apêndice oco e sem saída.

Dina Ventura, 1 de Julho de 2009


FANTÁSTICO

Outro olhar…e logo ao lado do divertido está o fantástico!

Não passando também de incógnito, ficam bem juntos!

Não sei porquê, mas lado a lado, dão-se compostura….

Acho que não, tira talvez a graça ao divertido, será?

Porque no fantástico está o criado pela tentativa,

Que pode tornar-se extravagante ou até absurdo.

Porém com capricho de devaneio. O fantástico nasce

Da inquietação e da dissociação que choca a razão.

Podem figurar fantasmas e sem dúvida ou com ela,

O que só tem cabimento na imaginação. Será mesmo?

Por ser oposto, ou quase, do real deixa de o ser?

Mas o fantástico é distinto do maravilhoso, dos contos de fadas,

Dos romances, onde o encantamento e a magia são a regra!

Fantástico é o intruso, um invasor do mundo submetido à técnica.

Coloca lá, a sua fonte de imaginação, de mistério, de horror até

Nas fissuras do pensamento cientifico!

Na vida através de várias vias encontra-mo-nos frente a frente

Com fenómenos que surgem do vulgar, por vezes até maléficos,

Mas que não passam de fantásticos, no contexto da vida real!

E assim nasce da inquietação e da dissociação indo embater na razão!

E estes seres fantasmagóricos, afinal existem na realidade

Ou somente na imaginação? Quem sabe?

Talvez como na actualidade, não passem de ficção científica,

Como forma de tentar prever, conhecer o futuro,

Por tanto o desconhecer e temer!

Dina Ventura, 1 de Julho de 2009


SURREALISMO


Chamam-lhe tantas coisas! Entre elas, movimento

Que tende a expressar o pensamento Puro,

Com exclusão de toda a lógica, preocupação moral,

Cultural ou estética. Apenas exprimir!

Então a sua forma mais correcta seria sobrerrealismo.

Assim tento alcançar o funcionamento real do pensamento,

Entregando-o sem qualquer domínio, nem preocupação,

Se ligará bem ou mal, se faz sentido ou não, apenas deixo fluir,

Os impulsos da minha vida interior, para tentar

Desvendar minuciosamente o Mistério da Imaginação!

Dos sonhos, das associações de ideias escolhidas, sem o serem,

Entre as menos racionais. Isso faz de mim surreal?

Encontrar-me com o acaso e questioná-lo?

Faz de mim algo que sou, mas deixo ser?

Acho que não. Sinto como Ser, que o que temos, possuímos

E somos, é para ser desvendado, trabalhado, descodificado

Ou até ficar em código se necessário, para que seja preservado.

Ou a não possibilidade de compreensão, por cada pormenor

Ser apenas pormenor de si mesmo.

Mas permite, que muitas partes da mente se abram,

Se dirijam a si mesmas e sem vergonha ou receios

Cumprimentem apenas, ou se tornem amigas da imaginação!

Dina Ventura, 1 de Julho de 2009