sábado, 7 de novembro de 2009

REJEIÇÃO

Acto de atirar fora, tirar de si, expelir, tal como o mar rejeita na praia o cadáver.
É um vómito, que provoca o retirar do que está a mais, que estorva e é estorvo.
É desprezar, dizendo que sim para dizer não ao que outro oferece entrega e dá.
Tal como na Natureza, é a amplitude do deslocamento produzido por uma falha.
Cria um fosso imenso de profundidade incalculável, a não ser que se mergulhe nesse provável abismo, para se ter a noção.
Contudo pode tornar-se numa defesa, tal como quando do aparecimento de anticorpos que destroem o enxerto, após o transplante de um órgão. O corpo rejeita, mesmo aquilo que o poderia fazer viver. Mas não suporta o que não conhece e não é seu, não lhe reconhece valor suficiente para a cura. Será egoísmo da matéria, da máquina ou apenas o não querer prolongar a vida. Ficam sempre as dúvidas na validade e aceitação da rejeição.
Por outro lado, são muitas vezes os vencidos que rejeitam. Tal como no campo de batalha limitam-se a depor as armas e a lançá-las ao rio, para que a correntes fundas as levem ou depositem.
Demonstra oposição a algo, por não concordância, ou então por o ter em nenhuma ou pouca conta. Engole mas o estômago rejeita.
Então mantém afastado, como o próprio rejeito, que sendo uma arma de arremesso, ao ser lançado cai conforme a intenção do acerto. Não havendo intenção, pode acertar onde nunca pensou, mas humilhou quando embateu e alguém morreu sem esperar. Porque achou que as estrelas vistas, eram as de luz própria e afinal houve engano de visão. Eram apenas meteoritos incandescentes devido à velocidade de arremesso e, quando embateram, enegreceram e queimaram. À volta da cratera, o fogo do impacto que logo se apagou, deixou terra queimada, cinzas, sombras e silêncio.
Dina Ventura 7 de Novembro de 2009.