quarta-feira, 6 de maio de 2009

NEURA-SENSIBILIDADE TRIPARTIDA

“Vazios”

Sinto a velocidade de rotação do mundo.

Faz-me entrar em vertigem e perder o rumo da translação.

Que fazer?

Depressa se faz noite que amanhece para o dia.

Mais depressa se escapa o dia que se perde na noite.

As angústias não dormem e anestesiam o mundo para a Vida.

Que fazer com as lágrimas que caem sem autorização?

Apenas deixá-las livres para que limpem a alma.

Entre lágrimas, sorrisos e lamentações,

Os rios caminham em busca da sua foz.

Sem vazios nada se procura.

Sem procurar nada se encontra.

O que se encontra é presente para o passado.

Então que nos reserva o futuro?


“O doer da alma”

A alma dói não pela sua própria dor

Mas pela dor que os outros têm.

Ou não será isso?

Ela dói porque tem vida, movimento e renasce a cada momento.

Esse processo é doloroso pois acaba no percorrer as veias,

Os recantos mais apertados, que nem ela consegue passar.

Mas passa. Tem de passar. E passa.

Quanto mais se embrenha mais aumenta a dificuldade da passagem.

Não quer usar termos, nem rumos, nem objectivos.

Quer apenas ser Alma.

Rodopia em movimentos compassados

Para não perder o ritmo.

Batidas. Sobressaltos com os pulsares acelerados,

Pelos sustos pressentidos.

Não pode parar. O movimento é a vida.

A vida tem o tempo vivido e por viver.

Sem ele nada feito, mesmo sem necessidade dele.


“Símbolos”

Não sei porque se escreve, não sei porque se fala.

Não sei para que se usam termos sem sentido.

Tudo parece ter perdido a validade

Tudo é desculpável pelo contexto.

Tudo se explica para que tenha explicação.

E o que não tem explicação como fica?

Deixa de existir? Perde a importância?

Sem sentido.

Que importa isto ou aquilo?

Não, tudo é importante, fala a aprendizagem!

Frases feitas que tanto se repetem mas que de nada servem,

Para nada servem, porque parece que nada se aprende.

Não me apetece escrever e escrevo!

Não me apetece pintar e pinto!

Não me apetece falar e falo!

Estou o oposto de mim!

Será para me rever? Para me reflectir?

Ou para me afastar do eu e me ver a mim?

Gosto de saber, de conversar comigo e não me estou perceber.

Há um silêncio inquietante, duma alma os gritos!

Linguagem nova, desconhecida sem tradução.

Há que esperar para descodificar os símbolos.

(dina ventura Maio.2009)