quinta-feira, 19 de novembro de 2009

IMERGENTE


by: Nuno Kabu

Nasceu. E quando nasce não pode morrer.
Aconteceu. E quando acontece não pode deixar de existir.
Onde quer que esteja, estará e não pode deixar de estar.
Trago comigo o que de mim é e me alimenta.
Está sempre comigo, mesmo que esteja ausente.
Incapaz de controlo, torna-se selvagem.
Segue solto, livre e sem sentimentos de culpa.
Obriga-se a refúgios para que não o atormentem.
Lança-se nos braços do sonho para poder viver.
Enfrenta os medos que não sabia existirem.
Segue sem rumo, sabendo o rumo certo.
Dorme na vigília, para não se perder no sonho.
Embala-se nos encontros, sem data marcada.
Movimenta-se parado, sabendo que está vivo e avança.
Imergente, tal como um raio, instalou-se para ficar.
Mártir de si honra-se de o ser.

Dina Ventura, 18 de Novembro de 2009