quinta-feira, 20 de maio de 2010

VENDEDOR DE ILUSÕES


Óleo - Vendedor de ilusões - do pintor Bernardino Costa - 1ª fase

Símbolo que engana os sentidos
Vendendo o que não acredita
Procura nos que estão perdidos
O que a vida lhe interdita

Da aparência faz o real
E satisfaz-se a si próprio
Torna a mentira banal
Para não se tornar impróprio

E da bandeja faz estandarte
Ao anunciar uma bebida
Que sem ela não faz parte
A felicidade na vida

De tristes passam a alegres
Sem se terem apercebido
Que não foram milagres
E sim por terem bebido

E quando a festa acaba
O sonho foi esquecido
Volta à mente a revolta
Por não se ter contido

E o vendedor de ilusões
É mais uma vez enganado
E sem dar justificações
Entrega-se ao que tem dado

E sem conseguir enxergar
Que o que vende não existe
Continua a apregoar
Ao que nem ele resiste.

E assim cheio de vontade
Tenta animar os corações
Para acreditarem na verdade
Do vendedor de ilusões.

Dina Ventura 20.Maio.2010

GRATIDÃO


Óleo e aplicações - Dina Ventura - A Gratidão
É a memória do coração
E o tesouro dos humildes.
Quem é agradecido
Aos que lhe fazem bem,
Mostra que também o será a Deus,
Que tanto bem lhe fez
E lhe devolverá essa gratidão
Se for verdadeira.
A gratidão
Para muitos seres humanos
Não passa de um desejo secreto
De receber mais favores.
Aos incapazes de gratidão
Nunca faltam pretextos
Para não a terem.

GRATIDÃO

Reconhecimento afectuoso
De um beneficio que se recebe
Testemunho verdadeiro e generoso
Que somente o coração percebe

E mesmo não sendo dito
Jamais se esquecerá
O que sempre ficará escrito
Na alma que a alcançará.

Nas estrelas fica gravado
O que o coração não esquece
É algo sentido e abençoado
Para alguém que o merece.

Dina Ventura – 19.Maio.2010

OUTROS MUNDOS


Óleo s/tela - Outros Mundos - Dina Ventura

O pensamento humano
Mais subtil e veloz que a luz
Sobe, voa e sobrevoa.
Eleva-se para além das nuvens
E no seu voo assombroso
Transcende as barreiras do Universo visível
Propaga-se para além do mundo
Contempla outros,
E expande-se na imensidão.

Dina Ventura

CISÃO


Óleo s/tela - Cisão - do pintor Bernardino Costa (B.C.) - 2ª fase

No núcleo deu-se a rotura
Quando foi bombardeado
E mesmo de grande espessura
Sentiu-se despedaçado

Mesmo assim não parou
A energia tornou-se imensa
Muniu-se de forças e dispersou
Sem se perder tornou-se densa

A desarmonia estava instalada
Quer por cisma ou talvez não
Não conseguindo ficar parada
Nem mesmo pela religião.

Quando as opiniões divergem
Por tanto pensar chamou
A melancolia que trás paragem
Do que no tempo ficou

E mesmo sem fundamento
Em devaneio se tornou
Como átomo em movimento
Consigo mesmo estoirou

E assim deu-se a cisão
Quebrando o que não queria
Partindo o coração
Num choro até ser dia

E quando o choro acabou
Reviu-se na explosão
E por si mesmo confirmou
Que não era a destruição.

Dina Ventura 19.Maio.2010

CUPIDO


Óleo - Cupido - do pintor Bernardino Costa (B.C.) - 1ª fase

Personificação do amor
Com o aspecto dum anjo
Tem atributos duma flor
E as aventuras do desejo

Filho de Vénus com asas
E sem elas o mesmo efeito
Aponta a seta sem rumo
Que se crava bem no peito

E sendo agente e encarnação
Coloca em quem lhe aprouver
Uma semente no coração
Que quando rompe pode doer

Mas sendo criança perpétua
Faz do pesado a leveza
E mesmo com sofrimento
Transforma o feio em beleza

Mas sem ligar ao que faz
Por ser criança e ingénua
Esquece de cultivar a paz
Para um momento de trégua.

E como se fosse a brincar
Lança a seta aos corações
Une a quem as vai lançar
Não olhando a razões.

Filho de Vénus com asas
Faz voar quem marcou
Abre as portas das casas
Onde o sol nunca entrou.

E não atendendo ao bom senso
Empurra com força os amados
Que mesmo em nevoeiro denso
Acabam por ser encontrados.

E expulsando as razões
Faz dos amantes crianças
Amarra-os pelos corações
Dando à vida esperanças.

Dina Ventura 18.Maio.2010