quarta-feira, 17 de junho de 2009

OS QUATRO ELEMENTOS + UM

Dizem que alguma escrita denota uma alma inquieta, remexida e em busca.
É uma verdade.
No entanto, ela está sentada, quieta, serena, tranquila e apenas medita.
E medita através da escrita.
Evolui na contemplação do que imagina,
Nos caminhos que percorre, mesmo com os pés magoados.
Nada a faz parar. As asas? Queimou-as de tanto pensar.
Mas pairou! Nem delas precisa para Voar!
Flutua no mar, em terra, no ar e no fogo.
Ela é mais um elemento dos Elementos
E sendo o principal para que eles existam.
Sempre se esquecem de juntar o seu nome ao deles.
Porque será?
Porque não se vê e confundem-na com o ar?
Porque é essencial e a misturam na água?
Porque é terra e a colocam nas profundezas?
Ou porque é fogo e têm medo de se queimar?
Não, ela é tudo isso sim! Mas mais ainda…
Ela é os Quatro Elementos mais Um.
Dina Ventura – 17 de Junho de 2009

CONTACTO DO ESPÍRITO

É algo que não se vê, mas se torna palpável.

Não se consegue definir porque não tem definição.

É, simplesmente, uma sensação:

De calor que envolve de forma serena e amena o coração.

É uma mão invisível, sem forma e sem volume.

É transparente, mas quente e envolvente.

Trespassa o físico, o não físico e queda-se inerte!

Quando se ouve, transforma-se em melodia suave

Assumindo a transcendência do som, num tom ritmado.

Acelera na chegada, atenuasse na permanência e acentuasse quando parte.

Quando se vê, deixa de se ver e, apenas se pressente que está presente,

Vivo e que apesar de ser dimensão, se esforça para não magoar.

Porque a luz é tanta que pode cegar!

O seu cheiro, não tem cheiro, apenas anestesia o ar

Que ao ser respirado purifica, sendo depois arremessado.

Sabe a algo, que se imagina mas que não combina com os sabores existentes.

É a reunião de todos, transformando-se na essência.

O tacto apenas se consegue alcançar, se a alma o quiser tocar.

Dina Ventura – 17 de Junho de 2009

ENCANTAMENTO E POESIA


O encantamento é a acção que a filha do Sol exerce junto dos outros,

Para poder manter junto de si o que deseja.

Apesar do que Circe fez, que comove e faz pensar

Não tinha o direito, de por egoísmo, aos outros retirar.

Mas tudo é possível na poesia, tudo se pode alcançar.

Sem verso, sem rima, sem concreto ou abstracto, tudo se pode realizar.

Não existem barreiras, nem fronteiras, críticas ou bandeiras.

A nação é só uma!

Lá, ninguém pertence a nenhuma.

É o centro do universo, dento do Universo em centro.

Reflecte-se em si, fora de si, num encontro intimo que só a ela pertence!

Nem todos a entendem, mas todos se deleitam,

Tentam interpretar, copiar, redigir e reflectir.

Pensam que conseguem, mas o encantamento não deixa.

Existe nele a falsa dor, a dor do falso sentir, no sentir o que é a Dor.

E aí se perdem os poetas, os realistas, os pensadores e até doutores.

Ditam, reescrevem e fazem da poesia o que quiserem.

Mas ela é Ela, sem rodeios, anseios ou pretensões.

Está-se nas tintas, com as tintas do que pretende pintar.

Sim, porque poesia não é escrita, poesia não existe,

Ela apenas subsiste e persiste na imensidão do Ser.

Dina Ventura - 17 de Junho de 2009

DEIXEM SER

Como podem as pessoas pensar, apenas apoiadas no que vêm?
Dá-me angústia se um dia eu o fizer dessa forma.
Imagino fazê-lo e deixo de Ver.
Porque serei assim? Porque consigo enxergar para além do que vejo?
Sinto-me incapaz de ver.
Nem quero saber o porquê disso, nem o porquê do contrário.
Apenas quero que me deixem ser, o que um ser é capaz de Ser.
Todos deixam. Têm de deixar, porque não são eles que vêm por mim.
Eu vejo da forma como quero, penso e sinto.
É bom, é mau, é complicado? Será.
Mas é assim que eu fui, sou, serei e voltarei a Ser.
Nada me pode mudar até que alcance, o que está ao meu alcance
Estando para Além de mim.
Não é complicado é, simplesmente, muito simples quando descodificado.
Falam em personalidades duplas, triplas e até absurdas.
Mas que sabem de absurdos os que não Conhecem o que é?
Que afinidades sentirão com o que não conhecem nem são?
Deixem Ser e sejam apenas!
Dina Ventura – 17 de Junho de 2009