segunda-feira, 17 de maio de 2010

ENTRE MÁSCARAS


Tela - do pintor Bernardino Costa - Entre Máscaras

Sou o que sou
Naquilo que não sou.
Escondo de mim o ser
Depois de me esconder.
Mas indiferente à máscara
Provo, voltando a reaparecer
Que afinal nada esconde.
Da primeira faço outra
Que volta a fazer renascer
Mas nela não está o ser
Que deve não se esconder.
E mudando e moldando
Reforça a dor na face
Alimenta-se o sonho
Da razão de não ser
Querendo ser sem razão
Olhando para o que se olha
E tentando entender
Porque não passa a solidão.
E no caminho percorrido
Ainda não se encontrou
Não por ter morrido
Mas sim pelo que não se olhou.
E quando já meio cansado
Se olha por entre máscaras
Se repara que afinal
O material que as forma
Não passa do que é banal.
E se o arrependimento
Matasse, morta estava
A máscara da vida
Porque afinal o que restava
Era uma máscara ferida.

Dina Ventura 17 de Maio de 2010