quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

CRIATURAS PRIVADAS DO POSSÍVEL


Criaturas privadas do possível.
Olhando de relance para a frase
Nada me diz,
Apesar de tudo conter.
Quando olhamos para algo
E não se consegue decifrar
Que fazer?
Desistir?
Ou simplesmente desmontar?
Ver peça a peça
Ao mais ínfimo pormenor
Para poder continuar?
Pois é o que vou fazer.
Ao pegar nas criaturas,
Transformo-as numa
E passa a significar
Cada um dos seres Criados.
Homem
Ser
Pessoa
Que no sentido figurado
Muito deve a outrem
E lhe é inteiramente dedicado.
Tenho orgulho em ser criatura e privar.
Pois privada
Também significa coisa íntima,
Privativa, só sua.
Assim privar com
Ou seja
Relacionar-se com o possível
Que simboliza o que pode ser
Que é praticável
O que pode acontecer.
Pode ser com empenho,
Esforço, diligência,
Esmero e inteligência.
“Deus criou o melhor dos mundos possíveis”
Esta máxima do filósofo Leibniz
Exprime tudo o que contem.
Que cada um, à imagem do criador
Promove o melhor mundo,
Dentro do que o seu entendimento
Concebe como possível.
E aí está:
Só possível quando se trata de uma criatura.
Pois quando passa a plural
Tudo se torna mais difícil
Porque cada uma delas
Realiza o melhor no seu mundo possível!
Mas como a cada um cabe o seu
Nem sempre o possível o é.
Tornam-se, quem sabe,
Personagens, actores da realidade,
Onde desempenham o papel que lhes cabe.
E de verdade, na irrealidade,
Assim desconectados
Privam-se do possível
E navegam no inconformismo existencial,
Das criaturas privadas do possível!

Dina Ventura - "Only me"