sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

DESILUSÃO

Nada de grave acontece, nem se entra em decadência.
Nela, apenas se dissolve o que não presta e é enganador.
São desenganados os sentimentos e a inteligência.
Troca-se as voltas à aparência, vendo-se a realidade e seus danos,
Deixando de ver nas quimeras o alimento da alma.
E deixa-se o efémero partir levando com ele os enganos.
Olha-se o prestidigitador de frente, como ele é e o que emana:
Apenas o engano de si mesmo, que leva os outros à ilusão.
Hábil no manejo, assentando na destreza e a outros auxílios recorre,
Para conseguir mostrar com firmeza, no que é rico sendo pobre.
Da palavra faz a arma que conduz à distracção,
Leva a ver o que não é, para lhe alimentar o coração.
Há que enfrentar a ilusão.
Deixar de ser iluso e enfrentar o ilusor, sofrendo pela desilusão.
Tomando rumo melhor, chegará à conclusão:
A sinceridade é do tamanho que cada um lhe dá,
Podendo não ser sincero, até mentira será.

Dina Ventura 25 de Fevereiro 2010