quarta-feira, 28 de abril de 2010

AMOR


Sentimento que embala o coração
Impulso ditado pela Natureza
E mesmo quando sem solução
Dói, é belo e não perde a grandeza.
Amor
Sentimento de gosto vivo e intenso
Que une mesmo sendo platónico
Transforma o pequeno em imenso
O simples em único, às vezes irónico.
Amor
Filho de Vénus, com asas
Por isso nos faz voar
Adorno de mil belezas
Na dança, mesmo sem par!

Dina Ventura 28 de Abril de 2010

HOJE


HOJE
Sentindo-me desabitada de mim
Espoliada do que era meu
Ocupada de dúvidas sem fim
Todo o real estremeceu.
Hoje
Quando o ontem aflorou
Buscando resposta na inspiração
Apenas senti que me abandonou
Deixando a insatisfação.
Hoje
Sem respostas aos porquês
Olhando os pedaços restantes
Sobraram muitos talvez
Que nada são, sendo bastantes.
Hoje
Ao buscar a definição
Para o que resposta não tem
Tudo se torna contradição
Do que se perde, mas mantém
Hoje
Ao tropeçar no ontem frustrado
Levantou um vendaval
Do que estava arrumado
Mas se desarrumou no real.
Hoje
Agora resta, repensar
E abandonar o pensamento
Porque não há volta a dar
Para fugir do lamento
Hoje
Apostando no amanhã
Recorro ao eu desalojado
Enrolo-me na manta de lã
E busco o conforto desejado.

Dina Ventura – 27 de Abril 2010

terça-feira, 27 de abril de 2010

O FILME


Algo se estava a passar.
Era como se uma força centrípeta insistisse em empurrar-me
Para um ponto que se chamava passado.
Não oferecia muita resistência, embora não percebesse qual o objectivo.
Algo se passou.
Dei por mim, num lugar que não me era totalmente estranho,
Mas que naquele momento pareceu-me um pouco distante e onde me sentia deslocada.
Não conseguia reagir.
Tudo se processava fora do meu alcance, do meu entendimento,
Surgindo-me apenas uma explicação lógica para tudo aquilo:
Estava possivelmente numa das alturas em que confundia real e imaginário.
Mas nenhuma das explicações me parecia correcta.
Eliminadas, uma a uma, cheguei à conclusão que estava apenas
A fazer o balanço de trinta e cinco anos,
Num local que não sabia definir de presente, passado ou futuro.
Em catadupa, perseguindo-se, atropelando-se, as questões surgiam
Dificultando ainda mais aquela árdua tarefa de retrocesso.
Porquê nesta altura? Por onde começar?
Era como um puzzle de milhares de peças, completamente misturadas,
Que ansiavam que alguém, cheio de coragem e paciência
As colocasse no lugar certo.
Que difícil tarefa mesmo para um profissional.
As referências confundiam-se esbatidas no tempo, esquecidas,
Pensando até, serem obsoletas. Tinha de começar por algo.
Tentei por ponto final na minha confusão e esquecer, por momentos, tudo aquilo.
Decidi descansar, deixar que as coisas acontecessem ao acaso.
Estava em casa há já algum tempo,
Tentando que alguma coisa diferente acontecesse,
Mas vendo que tudo se mantinha na mesma,
Resolvi-me pelo movimento exterior. Saí.
O meu cansaço enfastiou-se ainda mais. Tudo se mantinha igual.
Nada, nem uma leve brisa de novidade!
Tento recriar, através de escrita enrolada, o enrolo em que me encontrava.
É desgastante sentir um não se sabe o quê, por mais que se tente explicar.
Invejo os momentos de um filme em que me sinto lá.
É um espaço de tempo curto mas chego a pensar, ou melhor,
A sentir que é possível estar-se. Mas tudo não passa de ficção.
A realidade do nosso verdadeiro filme é mais difícil.
Mas não impossível!
Porque não utilizar a imaginação, para atingir de forma mais real
O filme que nos pertence e onde nos propomos desempenhar,
Da melhor forma possível o nosso papel.
Cabe-nos algum de certeza e por menor que seja,
Nunca será o de espectadores passivos do nosso próprio desempenho.
Meros espectadores para melhor apreciarmos, até devemos ou podemos ser,
Mas de uma forma activa.
Passaríamos à fase do pensar sobre a nossa representação, o nosso desempenho.
Aí teríamos de conseguir o desdobramento, o que não sendo fácil,
Seria, no entanto, a mostra de toda uma vida
Cheia de Vida e de papéis desempenhados de Verdade.

Dina Ventura in: nas asas do vento encontrei

sábado, 24 de abril de 2010

PRAZER DOS SENTIDOS


Como descrever sem refrear
Sem expor ou maltratar
O que a alma impulsiona
Mas que logo abandona
Quando se entrega
No doce entregar.
Não há nomes nem palavras
Há sentires dos sentidos
Há gestos repetidos
Sem nunca os teres feito
Por perder a razão
Não saber do conceito
E dar o comando ao coração.
Há um prazer rarefeito
Ao som de ritmos compassados
Escutados em silêncio
Mas nos sussurros gritados
Que mostram apressados
Para onde se dirigem
Soam a gritos estridentes
Que nos deixam pendentes
Há espera que nunca acabe
Mas que é esse o segredo
No instante do pleno.

Dina Ventura 15 de Abril

sexta-feira, 23 de abril de 2010

SAUDADE


SAUDADE
É o regresso ao passado
Ou o avançar no futuro
É ficar muito parado
No silêncio do escuro
Saudade
De bela tristeza bordada
Na ausência é muita dor
No peito está marcada
Como milagre de amor
Saudade
Sentimento de perder
Se nunca se encontrar
O que alimenta o viver
Por nada se poder dar.
Saudade
Lembrança que faz viver
O que já vivo não está
Apenas faz reviver
O que nunca se ausentará.
Saudade
Nostalgia plena de ensejo
No regresso ou na partida
Pode morrer com um beijo
E renascer para a vida.

Diva Ventura 22.Abril 2010

quinta-feira, 22 de abril de 2010

SER


SER
Ser-se é conseguir Ser Humano
É ser e fazer parte da Humanidade
Podendo viver nalgum lugar mundano
Mas a Alma voar longe em liberdade.
Ser
É dar-se, sendo preto, branco ou sem cor
Falar gestual, inglês, chinês ou francês
Porque a tradução está no amor
Sem ser pequeno por ser português.
Ser
É conhecer culturas, arrancar barreiras
Esse é o meu cântico. Nem melhor nem pior.
Pegar nas armas palavras, e abrir fileiras
Porque ser poeta é pensar longe e ser maior
Ser
Daqui, dali ou de lugar nenhum, não importa
Não quero ser poeta, para me suicidar!
Porque se poeta é livre, não tem uma porta
Tem Todo o Universo para poder pensar.

Dina Ventura 22 Abril 2010

PLANETA AZUL


Hoje, 22 de Abril, comemora-se o dia mundial da Terra. A MINHA CASA, A NOSSA CASA, PLANETA AZUL. O Numa altura em que a o meio ambiente está na ribalta todos falam nisso mas a maior parte esquece.
Mas o ambiente tem sido o tema central de tudo já não sei se pelo que defende ou por outros interesses já estarem envolvidos. E quando digo tudo, é mesmo tudo! Desde empresas, exposições e passando por todo o tipo de indústria, tudo tem o mesmo tema de fundo. Ainda bem que assim é, porque mesmo por questões de marketing, a mensagem vai começando a entranhar-se na mentalidade das pessoas e há cada vez mais gente consciencializada em relação a urgência de proteger o nosso planeta. Contudo e infelizmente ainda há quem não tenha atingido tal nível e ainda continua a haver pessoas com práticas prejudiciais. Espero que com tanto alarido, os hábitos das pessoas venham a mudar para melhor e que daqui a um ano estejamos a comemorar este dia com bons olhos postos no futuro.
Dina Ventura 22 de Abril de 2010

quarta-feira, 21 de abril de 2010

AMOR


AMOR
Sentimento do coração arrastado
Para o que deseja mesmo sem solução
Sendo pela Natureza empurrado
Descurando as leis da razão
Amor
Sentimento real, vivo e intenso
Que mesmo sendo platónico
Atira-nos para o imenso
Sem nunca se tornar irónico
Amor
Filho de Vénus com asas
Dá-nos certezas sem Norte
Torna o gelo em brasas
Chama-se a vida na morte
Amor
Sente, não sabe, mas inventa
Sem razão para não ser
Da sede se alimenta
E dela pode morrer

Dina Ventura 21.Abril.2010

NADA


NADA
Nenhuma coisa nascida
Que por se saber existir
Não se torna conhecida
E não consegue resistir.
Nada
Sendo coisa nenhuma
Um tudo é poucochinho
Sendo já coisa alguma
Pode inverter o caminho
Nada
Se tirar de lá é elevar
E deixa de ser abjecta
Passa a posição de invejar
Mesmo não sendo concreta
Nada
Não sendo de grande apreço
E sim de pouca importância
É mais do que mereço
Se viver na ganância
Nada
O momento vira instante
Passa o tempo a nada de nada
Se não sei sou ignorante
Fico e vivo atormentada.
Nada
E quando passa a verbo
Passa a termo de incitação
Mesmo se não me apercebo
Incito e apelo à salvação
Nada
E em menos do que é
Rasa o pouco por um triz
E num rasgo de fé
Nado para ser feliz.

Dina Ventura 21 Abril 2010

terça-feira, 20 de abril de 2010

CORAÇÃO


De órgão oco, a músculo.
Se sentimento moral a afecto
Sede de resíduos no crepúsculo
Guarda o que está longe, bem perto.
Coração
Aperto no peito e pulsação
Generoso, mas frágil no amor
Amolece um pouco a razão
Derrete o gelo com calor.
Coração
Tanto se zanga como acalma
Perde o ânimo mas acalenta
Expressa o sentir da alma
No âmago que representa.
Coração
Do efeito de corar
À varando do afecto
Na árvore faz brotar
O que lhe parece certo.

Dina Ventura 20 de Abril de 2010

QUERO



Que nasça de mim o que sou.
Buscar em mim a essência
Tratar do que brotou
E olhar-me em consciência.
Quero
Partir para qualquer lugar
Alcançar o imenso do Ser
Poder erguer a voz e gritar
Partilhar o meu bem-querer.
Quero
Atravessar o azul do céu
Ir ao infinito buscar
O que por direito é meu
Mesmo sem alcançar.
Quero
Marcar encontro comigo
Repousar na imensidão
Não esquecer quem é amigo
Deixar de lado a solidão.
Quero
Repartir o que alcançar
Mesmo o que não sei possuir
Porque me refugio no dar
Sem precisar exibir.

Dina Ventura 20.4.2010

SEI


SEI
Que não quero ficar
E que não quero partir
Só pretendo partilhar
Sem necessidade de ir.
Sei
Que não se pode alcançar
Sem esforço no querer ir
E quando se consegue ganhar
É o momento de partir.
Sei
Que nada possuo nesta vida
A não ser, o Ser que sou
Mesmo que esteja perdida
Sempre sei onde estou.
Sei
Que quem percebe não entende
Que perceber não é nada
Que no sentir está o Ser
Capaz de falar em voz calada.

Dina Ventura 20 de Abril 2010

ESCREVO
Para conseguir descansar
Deixando a palavra correr
Permitindo que vão desaguar
No mar que as quer ler.
Escrevo
Sem medo do sentir
Mesmo numa rota incerta
Indo apenas por ir
Deixando a alma liberta.
Escrevo
Sem pensar no verso
Nas regras do que é bonito
Nem que saia o reverso
Mas respeito o que é dito.
Escrevo
O que alguém me dita
Sem sequer saber quem é
Aposta em mim na escrita
Por isso me quer de pé
Escrevo
Com fé na alma de índia
E em princípios seculares
Sentindo que alguém me guia
Para que veja os pilares.
Escrevo
Seguindo as regras naturais.
Sem medo e em liberdade
Enquadro-me nos ideais
Dum povo que não tem idade.
Escrevo
Que sendo índia de coração
Agradeço ter nascido
Para mostrar a gratidão
Pelo meu povo desaparecido.

Dina Ventura 20.Abril.2010

PRECISO


Preciso
Do sorriso da vida
Da beleza do mar
Da força incontida
No prazer de dar
Preciso
Do sussurrar do rio
Do grito das aves
Do espaço baldio
De palavras suaves
Preciso
Do meu mundo
De estar bem contigo
Do suspiro profundo
De te sentir comigo
Preciso
De saber o que sinto
Sem perguntar ao vento
Acreditar no que pressinto
Sem nenhum lamento
Preciso
De estar só sem estar
Acreditar que tenho
Para poder sonhar
Com o que não tenho
Preciso
De não precisar
Que te lembres de mim
Para eu me alimentar
Do que sobrou de mim.
Preciso
De não precisar
Sabendo que preciso
Para restar o amar
Que trás sempre um aviso.
Preciso
Descansar.

Dina Ventura – 20 de Abril 2010.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A UM AMIGO - JMBD

terça-feira, 13 de abril de 2010

ANARQUIA

Eu sou positiva.
Tento libertar-me de constrangimentos.
Eu sou livre, mas sem desrespeito ou fingimentos.
Eu sou pela livre iniciativa,
Eu sou pelo apoio mútuo.
Pela capacidade de revolta, do substrato humano.
Eu sou pelo ser capaz
Com revoltas, mas em paz.
Eu sou pela educação avançada,
Pela coexistência harmoniosa
Eu sou pela flexibilidade
Apesar de teimosa,
Pelas responsabilidades individuais
Pelo que o colectivo significa.
Eu sou pela livre religião
Pela espiritualidade de coração,
Pela capacidade de não submissão.
Mas tudo isso não quer dizer anomia.
Quer dizer sim, que de forma positiva
Correcta e digna, sou responsável
Pelo que tenho de respeitar,
Pelas normas firmes que tenho de partilhar.
Sou consciente pela não-violência e complacência
Para que, o que quero não levar à demência.
Eu sou "anarca".
Dina Ventura 13 de Abril 2010

quinta-feira, 8 de abril de 2010

ENTRE O CÉU E A TERRA



óleo - entre o céu e a terra - do surrealista Bernardino Costa (B.C.)
http://bernardinocosta.artelista.com

ENTRE O CÉU E A TERRA

É nessa linha o encontro.
Será infinito e eterno, ou apenas a distância entre mim e o horizonte.
Percorro-o, persigo-o, mas ele torna-se na minha sombra.
Sombra sem objecto, sem referência nem rota.
É espaço que não pode ser percorrido andando;
Só se atinge imaginando.
Recorre-se à escadaria pensada
E percorre-se sem esforço a subida íngreme.
É a sensação de voo, em terra, sem asas e com elas.
Que não batendo, se sente a brisa fresca e envolvente
Que nos ergue acima de nós e onde nos esperamos.
Sem dor e em Glória.

Dina Ventura – 4 de Janeiro de 2010-02-05

quarta-feira, 7 de abril de 2010

PAZ DESEJADA

No silêncio repousante do campo,
Dou à alma a tranquilidade pretendida,
À consciência o repouso aguardado.
Os “eus” unem-se em recato.
A concórdia e o sossego unem-se na liberdade,
Que tem de ser verdadeira.
Nada poderá ser podre,
Pois os silêncios e a tranquilidade
Tornar-se-iam em vales profundos,
Tenebrosos, que matariam a Luz.
Assim, com a reconciliação consigo mesmo,
Se alcança a paz desejada.

Dina Ventura 7 de Abril de 2010

terça-feira, 6 de abril de 2010

TRAIÇÃO AO EU

O eu sente-se enganado,
Por queremos parecer.
É muitas vezes atraiçoado
Pelo que sabe não ser.
A razão incomodada
Arruma tudo ao seu jeito
E o que não quer reconhecer,
Aproxima do perfeito.
O imperfeito que não é eu
Encosta ao imperfeito que é
Questiona porque nasceu
Parecendo o que não é.

Dina Ventura – 6 de Abril de 2010

segunda-feira, 5 de abril de 2010

SENTIR EM LIBERDADE

Olho ao longe e sinto no mar
A liberdade que nos aproxima,
Tal como na poesia sem rima
Olho no papel e ouço murmurar.
No horizonte percorro o caminho
Nem perto nem longe, apenas está
Ao alcance do olhar, dum suave carinho
E fica parado à espera que eu vá.
Percorro cada onda, na sua imensidão,
Tocando de leve para não as desfazer.
Escuto em surdina as batidas do coração,
Que me alertam para o que teimo não ver.

Dina Ventura – 5 de Abril 2010