quarta-feira, 28 de abril de 2010

HOJE


HOJE
Sentindo-me desabitada de mim
Espoliada do que era meu
Ocupada de dúvidas sem fim
Todo o real estremeceu.
Hoje
Quando o ontem aflorou
Buscando resposta na inspiração
Apenas senti que me abandonou
Deixando a insatisfação.
Hoje
Sem respostas aos porquês
Olhando os pedaços restantes
Sobraram muitos talvez
Que nada são, sendo bastantes.
Hoje
Ao buscar a definição
Para o que resposta não tem
Tudo se torna contradição
Do que se perde, mas mantém
Hoje
Ao tropeçar no ontem frustrado
Levantou um vendaval
Do que estava arrumado
Mas se desarrumou no real.
Hoje
Agora resta, repensar
E abandonar o pensamento
Porque não há volta a dar
Para fugir do lamento
Hoje
Apostando no amanhã
Recorro ao eu desalojado
Enrolo-me na manta de lã
E busco o conforto desejado.

Dina Ventura – 27 de Abril 2010

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