domingo, 19 de abril de 2009

M Ú S I C A


A música cria-nos um passado que ignorávamos e desperta em nós tristezas que tinham sido dissimuladas pelas nossas lágrimas. No entanto limpa a alma do pó da nossa vida diária. Depois do silêncio é a música que melhor exprime o inexprimível.





Óleo: Dina V.


Gosto de música.
Gosto de ter o gosto pelo gosto. De ter o gosto pelo riso.
Gosto de gostar.
Gosto de ser simplesmente o que sou. Gosto de procurar e de saber onde estou.
Gosto de encontrar. Gosto de ter o que tenho, que é o gosto pela procura do para além.
Gosto de existir. Gosto de pôr à prova a questão se existo.
Se serei como sou, se saberei mesmo o que penso e porque penso no que sou.
Gosto de pensar. Gosto de me cansar a pensar.
Gosto do jogo da mente, gosto de enrolar o pensamento e de gastar as palavras.
Gosto de girar.
Gosto de repetir o que sinto, de sentir por dentro e por fora.
Gosto que uma ferida doa. Gosto do prazer da cura.
Gosto de dar liberdade, deixar fluir as palavras.
Correr pelas estradas, subir aos montes, gosto de cantar.
Cantar canções de palavras. Palavras cantadas sem voz.
Gosto de canetas. Gosto de tudo o que é louco, perguntar o que louco quer dizer.
Sinto prazer quando sei e não se consegue explicar.
Gosto do fácil que é perceber e que exista claridade, para que se possa entender.
Gosto dos olhos. Gosto de quem não tem olhos e Vê.
Gosto de gostar de gostar, porque simplesmente gosto, no simples acto de dar!
(in: nas asas do vento encontrei de Dina V.)