domingo, 3 de abril de 2011

HÁ CONVERSA

ESGARES


Por vezes as buscas
Tornam-se pesadas
Incontroláveis e incomensuráveis
No seu magoar.
Pode não fazer sentido
Não se encontrar explicação
Para o estado
Mas ele está lá
Existe, persiste
E deixa a alma sem espaço
Nem respiração.
Sente-se que passará
Que se encontrará uma saída
Mas enquanto ela não aparece
Não se consegue pensar
Dizer ou explicar.
Mas o mais estranho
É que nada se esquece
Tudo reaparece
Como uma aflição sem nome
Hora ou razão.
Instala-se, trava a garganta
Não deixa respirar fundo.
A ansiedade toma lugar
E não se arrepende de dilacerar
Estoirar com os espaços do pensamento
Que em estilhaços se tanta recompor
Num esgar de esperança restante
Pois recorre à indiferença
Para desbloquear
Seguir caminho
E voltar a pensar.
Esgares aproveitáveis
Que num esforço para pensar
Serão os responsáveis
Para que volte a respirar.

Dina Ventura – “Only me” - Abril 2011