quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

DESPERTAR PARA O PASSADO


Despertei ao som de um grito
Ou melhor, de uma frase bombástica:
“Interpreta o passado, vive em verdade o presente e conhecerás o futuro”
Julgando ser a profecia para resolução dos erros humanos, decidi partilhá-la.
Foi o que fiz, convencida que era nesse processo que vivia.
Na verdade tento viver e por essa razão
O que me leva a escrever nesta folha de papel o desabafo.
Em verdade vivo, mas será que realmente o é?
E se algo no passado foi mal interpretado?
Esquecido ou atrofiado?
Até que ponto a verdade do presente é real?
Assim me encontro, tentando buscar respostas em mim,
Recorrendo ao passado
Para que o presente seja vivido
Em verdadeiro conhecimento de mim
E não um simples ideal de futuro
Estruturado em bases desconhecidas.
Pergunto-me como se esquecem coisas importantes do nosso percurso.
Porque se esquecem?
Será porque nos magoaram ou podiam magoar ainda
Será por não lhes termos dado importância
Ou por nos penalizarmos e sentirmos relutância
Em nos aceitarmos despidos aos nossos olhos.
Em verdade me questiono
Me desdobro em mim
Sacudo a alma
Para que se decomponha
E me mostre toda a minha verdade
Sem vergonha.
Aí, sentimos várias
Que se atropelam, se afrontam
E ficam em desalinho
Sem saber afinal qual o caminho
Que as reunirá.
Insensatez da vida
Dos caminhos percorridos
Dos medos assumidos
Que trucidaram os sentidos.
Por isso a cada momento vivido
Há necessidade de o receber
Não como um dado adquirido
Mas batalha por vencer.
E em cada pedaço do caminho
Existem lugares reservados
Que nem mesmo quando se está sozinho
Podem ser alcançados.
Não vale a pena maltratar-se
Por não ter feito o que se queria
Compensa avaliar-se
E trazer à luz do dia.
Tudo o que temos em nós
É possível alcançar
Mesmo que pareça impossível
Vale sempre a pena tentar
E descobrir o que de nós escondemos
Mesmo que sem intenção
Mas sentimos que serão medos
Que nos bloqueiam o coração.
Por isso o trabalho do passado
É tão importante no presente
Para que o futuro não seja ocupado
Por algo que não se sente.

Dina Ventura – 17.01.2012 -“Only me”