domingo, 28 de novembro de 2010

ESTOU SEM ESTAR


De mim
Não consigo falar
Porque em mim
Estou sem estar.
Lanço-me em voo picado
Como gaivota no mar
Percorro caminhos sem fim
Por terra, água e ar
E encontro dentro de mim
O lugar onde quero estar.
Não consigo guardar ou esconder
O que encontro na procura
Reparto mesmo para perder
E não considero loucura.
Acho que o que tenho não é meu
Faz parte do nada que tenho
Porque se tenho é porque nasceu
E não preciso nem retenho.
E é na vontade de dar
Que encontro a verdade
E se a isto se chamar criar
Só o faço em liberdade.

Dina Ventura – “only me” – 26 de Novembro 2010

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

NOS CORREDORES DA VIDA


Com receio de ser injusta
Acabo por ser injustiçada
E o que mais me assusta
É julgar que sou culpada.
Pois acho que devo fazer
Com que consigam sentir
Que para se poder crescer
Não poderemos mentir
Se ao enganar os outros
Se pensa na melhor imagem
A máscara cai aos poucos
Sujando toda a passagem
Precisamos reconstruir
O que em nós não está bem
Mas temos de saber assumir
O que não compete a ninguém
Mas não consigo dar desprezo
A quem não me parece bem
Porque aquilo que mais prezo
É o que de bom a alma tem
Acredito
Que as pessoas acreditem
Mesmo no que não é verdade
Mas precisam acreditar
Que é a sua realidade
E neste vaivém de valores
Entre o que é e o que seria
Passam a vida em corredores
De uma vida vazia.

Dina Ventura – “Only me” - 22 de Novembro 2010

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

ARCO-ÍRIS DE PAPEL


Olhando para o nada
Decidi mais uma vez
Apesar de um pouco cansada
Perguntar o porquê
De pensar
De ler
De escrever
Se nada me apetece dizer.
Mas foi isso que me motivou
Se nada posso fazer
Questiono se esgotou
Ou simplesmente não quer.
No pensamento surge a imagem
Do céu que chora
Relativizo
Ganho juízo
E sorrio apenas
Porque é a chuva que me embala
Misturo-me nela
Abraço-a e ela fala.
Mas não me sai da mente
Que o céu
É a casa da gente
Que se aventura na vida
Mesmo sem estar perdida
Por esta ou aquela razão.
Não consigo escrever no branco
Vou buscar papel
Realizo um leque
De todas as cores
Transformo o dedo em pincel.
Perco-me em palavras tontas
Olho as folhas coloridas
Encanto-me nas gotas caídas
E não saem as palavras que quero.
Sei que as vou encontrar
Sejam belas ou horrores
E enquanto aguardo que cheguem
Olho o arco-íris
Que se acaba de formar
No papel de mil cores.

Dina Ventura – “Only me” – 24 de Novembro de 2010

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

ECOS DE MIM


Olhando as palavras que rolam
Se encontram e formam frases
Reparo que quando se colam
Se tornam bastante audazes.
Dizem tudo o que eu sinto
Sem pedirem autorização
Descobri porque não minto
E não faço correcção.
Não consigo pensar direito
A não ser que saia em rima
E mesmo não sendo perfeito
É a minha obra-prima.
Não sei o que se passa comigo
Para o pensamento cantar
Quando penso não consigo
Não vale a pena inventar.
Assim deixo ao sabor do vento
Tudo quanto posso pensar
Não me preocupo nem lamento
Se não conseguir agradar.
E neste corrupio sem nexo
As palavras tentam acalmar
E mesmo sendo desconexo
Só elas podem falar
Do que sinto
Do que sou
Do que vejo
Do que estou
Do que ouço
Do que saboreio
Do que me arrepia
Do que me enerva
Do que me trás alegria
Do que me irrita
Do que me desafia
Do que não sei
Do que quero aprender
Do que quero conhecer
Do que a vida representa
Da verdade que me alimenta
De mim.

Dina Ventura – “Only me” – 22 de Novembro 2010

domingo, 21 de novembro de 2010

FICO FELIZ


Quando me encontro no que leio
Me responde ao que receio
Fico feliz.
Mesmo não sendo meu
O que podia ter escrito
Abençoo quem o escreveu
Fico feliz.
Alguém como eu
Que procura,
Se questiona
Responde e tenta entender
O porquê de ser isto
E não outra coisa qualquer.
O poder que em si tem
O conhecer.
O escrever guarda em si
Um pouco do divino
Que todos devemos ter
Respeitar e compreender.
Não há pagamento maior
Do que sentir o alimento
Com que a alma nos presenteia
Sentindo uma Luz bem dentro
Quando no papel semeia.
A colheita será maior
O quanto não importa
Se se pretende receber
O que apenas conforta.
Representa evolução
Forma de Crescer
E tranquilidade no coração.
Querer apenas.
Quantos entendem
Quantos compreendem
Não importa
Porque o que conta
É a finalidade
Do bem que faz
O que a sensibilidade
Carrega e trás
A quem sente e escreve
A quem pode ler e gostar
E mesmo sem interpretar
Sente que também lá está
E que se pode encontrar.
Sem ser poeta ou escritor
Consegue interpretar
A melodia certa com amor
Através do piano da alma
Que sem teclas ou notas
Faz com que nos encontremos
Mesmo em terras remotas.
E aí sim
Fico Feliz.
Acredito em pleno
Que mais vale ser aprendiz
Com alma de grande luz
Do que um mestre que se diz
Mas que à fama se reduz.
Dina Ventura – “only me” – 21 de Novembro de 2010

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

ALMA


Vivo
No fantástico da poesia
Sem receios de maior
Porque não estou prevenida
Para o que há de pior
Vivo
Acreditando que tudo é bom
Ou que pode melhorar
Esqueço no tempo dum som
O que me pode magoar.
Vivo
Sem medo de acreditar
Que quem não tem, possa ter
Quem não conjuga o verbo amar
Venha um dia a entender.
Vivo
Procurando dentro de mim
Que um ser é mais do que é
E que para além do ruim
Existem outros com boa-fé
Vivo
Ciente que quero o bem
Para o Mundo em geral
Não invejo de ninguém
Porque tenho o essencial.
A Alma.
Dina Ventura - "Only me" - 18 de Novembro de 2010

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

SOFRIMENTOS E CAUSAS


Causas
Razões
Emoções
O que faz com que exista
Não é efeito sem causa
Sendo causa primária
Não há para além dela
Outra coisa
As secundárias precedem-na
E
As causas finais
As que pelas quais
Se supõe
Que cada coisa foi feita no Universo.
Assim
Foi determinado um conhecimento
O que produziu uma razão
Uma deslocação
E lá
No lugar de encontro da causa
Se falou
Se concordou
Em que a força está na razão
E a razão na união
Que poderá salvar
Seres que não se defendem
Das garras do invisível.
Estudo atenta e questiono
Porque estou aqui?
Porque são assim?
Os olhos pousam
Numa imagem de ternura
Da mãe que amamenta a filha
Enquanto defende
O que nós chamaríamos cria
Que não deixa de ser um filho
De outro ser que será mãe
E que perante a injustiça do homem
Só suplica
Sem pedir a ninguém
Que a salvem
Porque ela não consegue.
Desesperada procura abrigo
Na casa onde todos suplicam
Pede ajuda do divino
E aí sofreu castigo
Foi espancada
Banida da casa santa
Porque não é gente
Nem fala
E agora chora
Por ter perdido os seus filhos
Por lhe serem infligidos castigos
Que ela não compreende.
E quem poder ajudar
De graça e sem pagamento
É porque sentiu o apelar
De quem tem sofrimento.

Dina Ventura – “Only me” – Novembro de 2010

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

FORÇAS CONTRÁRIAS


Existem
Ocasiões que se apelidam de nada.
São momentos de coisa nenhuma.
Foi assim que me senti
Como que fechada num recinto
Sem paisagens ou ideias
Que me fazem criar
E no papel manifestar.
Mas as palavras estão “desgrávidas”
Porque abortaram o conteúdo
Mas teimam em exibir-se
Mesmo não viventes
Repetem-se intermitentes
Forma última de chamar a razão.
Chamam porque não podem parar
Não dão descanso
Porque o interior não quer guardar.
O cansaço vence
A inércia faz
Com que o interior se movimente
Para tender ao equilíbrio.
Relanço olhares antigos
Já perdidos no presente
E ao futuro prometidos
Recomendam afastamento
Do bulício que incomoda
Da maldade subtil
Que tanto está na moda
Que de poemas faz ardil
Do amor a ratoeira
Sacode os panos coloridos
Que levantam a poeira
Que não deixam ver.
E eu caio na sonolência
Que empurra a inspiração
Ela repudia as contagens
Da realidade ferida
Em que apenas existe o espaço
Onde a alma se refugia,
Quando perdida
Ou então enjoada
Do aproveitamento infeliz
Da gente que se diz amada
Mas que à vista não condiz.

Dina Ventura - "Only me" - 12 de Novembro 2010

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

POETA REFÉM


Se todos vivessem o amor
Que cantam na poesia
Não passavam por tanta dor
E tornavam a vida em magia
Sonhar e transpor para a vida
Com luz o que deseja alcançar
Reforça cada lição aprendida
Na conjugação do verbo Amar
Tal como na busca do ser
Se revela a verdade que tem
E nem tudo está no escrever
Quando a alma não contém.
E se a cor que pinta as letras
É feita de restos já gastos
Os versos não passam de tretas
Deixando o autor de rastos.
E quando se quer levantar
As dores são tantas e fortes
Que já não tem mais para dar
E encosta-se a suportes.
Embala-se no amor roubado
Que nem chega a ser seu
Porque o objecto amado
Nunca lhe pertenceu.
E assim a vida passa ao lado
De quem quer e nada tem
E tudo lhe é retirado
Ficando de si próprio refém.

Dina Ventura – “only me” – 11 de Novembro 2010

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

QUERER SER, NÃO SENDO


Desnecessário será
Dizer
Que a conversa se dispersa.
Tal como os objectivos
Mesmo que em uníssono
São desvirtuados
Corrompidos
E encaminhados
Para veredas escuras
De almas ansiosas
Que na ânsia de chegarem
Querer os primeiros lugares
Se esquecem que o principal
É conseguir alcançar
Sem pressas, com verdade
E terem consciência
Que nunca se perde o lugar.
Se o merecem é seu
Acredito que está guardado
Mesmo quando ocupado.
E assim vira a conversa
Para o que de repente interessa
Entre o gosto de saber
E o divertir por prazer
Por mal querença
Ou por se sentirem pequenos
Não dando conta que a presença
Apenas será notada
Quando a alma for elevada.

Dina Ventura – “Only me” -10 de Novembro 2010

terça-feira, 9 de novembro de 2010

INVEJA


Corrompe
Maltrata
Distorce
Mas atraiçoa-se.
É deformada.
Vem disfarçada.
Ora maltrapilha
Ora bem arranjada
Assim é a inveja
Que invade o coração.
Reveste-se de muito brilho
Mas transmite nas veias
O veneno com ar de perdão.
É a morte anunciada
De quem bebeu da poção
Que parecendo mágica
Transforma o falso em verdade
Mas carrega a morte trágica
Porque é triste a realidade.
Não faz parte do que é Arte
Da grande arte que é Viver
E transforma a cura em dor
Sendo maior o sofrimento
De quem pensa ser amor.
Não vendo que o brilho cega
E a alma fica perdida
Iludida, apenas carrega
Uma dor desmedida
Perdendo o belo o valor.

Dina Ventura “Only me” – 9 de Novembro 2010

CRESCI COM A POESIA

FOI UM SUCESSO.
AGRADEÇO DE ALMA AOS MUITOS AMIGOS PRESENTES E AOS QUE NÃO ESTIVERAM MAS ME ACOMPANHARAM. BEM - HAJAM.