terça-feira, 5 de maio de 2009

LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA

by: dv


Estou cansada do cansaço que me embala.

Sinto-me estranhamente débil perante o que me rodeia.

Preciso recuperar as forças, reabastecer-me de Energia,

Qual máquina produtora que necessita de manutenção.

Onde está toda esta gente. Onde estão os peões. Alguéns.

Será que ninguém sabe onde estão as Oficinas?

Marcações. Falta de tempo. Pressas. Correrias loucas para nada.

Abasteço-me. Digo, falsifico-me. Será que nem eu me respeito?

Inversão. De marcha não, essa continua. De valores.

Silêncio de vozes agitadas, cortantes, agonizantes até.

Missa rezada, em graça a, para desgraça de.

Pouca-vergonha de Sorte na Vergonha da sorte que tem.

Fastio, tédio, nervos de aço nesta máquina desafinada.

Dureza mole, das fibras flexíveis aos pesos acumulados.

Jorrar de salpicos. Gotas gritantes na máquina parada.

Ferrugem. Imitação do Ser. Ranger de molas. Espera.

Doer violento.

Rompante de fúria que destrói o armário.

Casa singela de paredes forradas.

Papéis iguais em casas diversas.

Cobertas, taipais, montes de terra, lixos, miséria.

Revolta.

Luta. Dor sangrenta duma alma que sofre.

Luta interior dum ser que quer alcançar algo.

Falta de forças para forçar a saída.

Explosão interior que rebenta com a máquina.

Amargurada a Alma, senta-se e medita.

Vendo-se ao espelho, reflecte-se em si.

Quer ver para além mas precisa de espaço.

Que mal há em pedir o que de direito lhe pertence!

Apenas o ar que faz com que viva.

Ao ponto a que chegámos, que nem respirar se pode.

Contra natura. Improvável, quando logicamente pensado.

Mas é facto consumado. É difícil respirar aqui.

Deixem-me ao menos respirar. Porque eu sofro se não respirar.

É verdade.

Eu preciso de Ar.





1 comentário:

  1. "....a gente só nasce
    quando somos nós
    que temos as dores"
    Natália Correia (in Autogénese)

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