PAZ e LUZ.
Nunca me sinto só mesmo quando estou.
Estou sempre com o pensamento que por vezes não me deixa descansar.
Irrita-me a sua insistência, a sua presença constante de incitamento.
Peço-lhe folga, um instante que seja, para me sentir só e ele reage
Pensando mais ainda.
Reflicto. Só o posso fazer, pois algo quererá.
Acordei já em continuidade de pensamento e ele segredou-me.
Como falas com alguém que não conheces?
Como estabeleces contacto com alguém que não sabes existir?
Não cheguei a conclusão alguma. Pois não existem definições para tais questões.
Embalo então na conversa com o pensamento
E deixo fluir, na loucura do permitir.
Permito que ele seja gente, que não se vê mas existe
Que não tem voz mas nunca está calado
Que não tem forma fixa e que muda a cada instante.
Surge de rompante.
E é na ponta da caneta que se exorciza, que o combato.
É algo mais forte que tudo.
Como se pensará sem pensar?
Onde estará o pensamento quando não se manifesta?
Agora está em diálogo com alguém que não conheço.
Mas reconheço. E fala e diz-me que nos conhecemos, sem conhecer.
Que não nos iremos ver e sim e apenas encontrar.
Há um pensamento comum.
Uma força de mistério que desaproxima quem está próximo
Pela admiração e pela distancia do espírito.
Mas existem são reais, são humanos e parciais.
Nada mais há a acrescentar.
Apenas agradecer a alguém que admiro, a inspiração que me deu
Para concretizar a minha última, melhor penúltima tela.
Que se chama O Corvo!
Dedico-a a si, não pelo que ela representa mas pelo oposto dela mesma.
Dina Ventura Maio/2009
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