segunda-feira, 15 de junho de 2009

MOMENTOS DE MIM

by:dv

Como são? Não têm explicação.

Hoje ao despertar não era eu.

Não me vi, não senti nada, por isso busquei em mim.

Sabia que era eu, que estava ali, mas quase não me reconheci.

Vi uma imensidão branca e senti apenas emoção.

Olhei, vi e senti, um mar imenso de palavras, palavras não, letras

Que ao saltarem, transmitiam cada uma das cores que o branco contém.

É um mar turbulento sem turbulência e macio, puro algodão.

E no meio daquilo que fazer para me encontrar?

Andar sobre ele e deixar-me flutuar!

Deixo-me embalar pelo momento e sinto,

Cada letra de um alfabeto Maior, que não consigo descodificar…

Sinto-me a pairar, sem forma, peso ou lugar.

Não sou nada, nem ninguém. Mergulhada nele, não sou ele mas estou.

E deixo-me embalar.

Para buscar em mim, não me sinto nada, Sou.

Apenas me desperta a letra que me tocou.

B – disse – não queres acordar? Que fazes aqui? Porque vieste?

Não sei – respondi – acho que me esqueci e estou apenas em busca de mim.

Que vês, posso saber? – Disse o B sem se dar conta do que estava a fazer!

Não sei explicar! Só sei que pertenço a esta imensidão, mas não sou daqui.

Que posso ver-vos sem os olhos da razão e sentir-vos com o coração.

Que quando acordo não me encontro e só me encontro aqui.

Num mar branco de letras de todas as cores

Que não me deixam parar, enquanto não as escrever.

Saltitam nas ondas deste mar diferente, sem gente, sem princípio nem fim.

Disfarçam-se de muitas, para tirar de mim.

Misturam-se em mil cores que embatem na alma transformando-se numa só!

Não há papel, nem caneta, sem sentidos para as descrever…

Embalo nas letras, busco em mim e por momentos esqueço quem sou,

Para que estou e para aonde vou. Apenas me deixo ir nesta torrente

Que não o sendo, é e me transporta velocidade da luz,

Para um lugar de Luz, que por vezes não é meu nem de ninguém.

Percebo - disse o B - pensas que estás a sonhar, mas não, essa és tu!

Fiquei a pensar! Será que o B teria razão? Aquela que digo não ser é que sou?

Deixo-me levar novamente. Flutuo no mar das letras que não tem explicação.

É algo que me arrasta, me embala, me entende, deforma e dá forma.

Transforma o que sou, apenas em Ser, que nem entendo.

Algo me tocou novamente. É um C e disse: Convence-te tu És!

Não me apeteceu responder-lhe, olhei-o simplesmente e sorri.

Vi que cor tinha mas esqueci. Deixei que me embalasse,

Que me falasse e tirasse tudo de mim.

Entreguei-me ao C de caneta, de coração,

De capacidade, de concentração e de comunhão.

E novamente me deixar flutuar em busca de mim!

Encontrei-me dentro e fora, sem conseguir sair do lugar onde estou!

Ou seja apenas em momentos de mim!

Dina Ventura - 15 de Junho de 2009




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