quarta-feira, 26 de agosto de 2009

VALE RECONHECIDO

Um vazio sereno invade-me.
Não quero regressar ao preenchimento usual.
Não há esforço! Apenas existe o estar.
Nada se move, no andamento do descanso.
Regresso a mim e sinto-me lá.
Embalo nas ondas do abandono.
Não ondulam, não enjoam, não provocam vertigem.
Sinto o deslizar profundo da vida,
O filão, o veio que sei existir mas não é visível no real.
Confunde-se comigo, encosta-se a mim
E vai em frente sem ir, sem pressa de ficar.
Anda apenas porque vai.
Solta as asas do alcance e aterra.
Nada passou, nada está e o tempo não existe por isso.
Não se expressa, não tem verbos, nem adjectivos, apenas ecos.
Tudo e nada se encontram, permanecem e falecem
No vale profundo que as ondas formaram,
Marcando a sua presença porque ausentes
Para que o eco se propague ao vale reconhecido.
Dina Ventura 25 de Agosto de 2009

5 comentários:

  1. Tudo vive e tudo morre. Se tivéssemos consciência desta transitoriedade...talvez o mundo fosse bem melhor!
    Abraço

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  2. A consciência é uma bola com gomos!

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  3. A liberdade existe, tanto na vida ,como na morte;Escolhe

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  4. Paula nãoleves a peito o que digo,eu sou por norma provocador; Um simples vaticinador da dúvida.Sou simplesmente um pensador desvelado!

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  5. Nas ondas se atufara o sol radioso,e a lua sucedera, astro radioso, de alvor banhando,os alcatis das fragas.E aquele pobre coraçao , nao dando conta que o sol morrera e que a lua desponta,a vista embebe na amplidao das vagas.
    --- fsf ---

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