sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

PASSAGEM DE ANO

Era este o título do poema que tinha acabado de escrever mas como que por magia desapareceu. Era 00:30 do dia 1 de Janeiro, ou seja há meia hora atrás. Como se costuma dizer é porque possivelmente não tinha de ser lido e muito menos publicado. Pois seja. Mas não sendo o que escrevi não vou deixar de dizer por outras palavras o que já tinha escrito. Nem que leve a primeira noite deste ano a tentar repor ideias já expostas, mas perdidas precisamente por ter escrito em directo no computador. Era assim que começava, isso ainda recordo:
Sem papel, sem caneta, sentada em frente a uma máquina faço o que não gosto, escrever para ela.
Escrevo directo os pensamentos que me assaltam e sofro os meus e os dos outros.
Penso nos que estão felizes nesta hora e ainda bem, portanto não vale a pena pensar.
Nos que tentam estar felizes e nem se apercebem que não estão e não sei se valerá a pena.
Assim penso sobretudo nos que estão sós e sós na multidão. Que sofrem a dor de não querer que a hora aconteça. Porque é naquela hora certa, na contagem decrescente que a dor aumenta. Nada do que tinha escrito anteriormente saiu pelas mesmas palavras, talvez estas estejam mais amenas, pois tal como os meus pensamentos se amenizaram com o tempo, assim a dor de quem sofre engana o sofredor com a miragem longínqua de que um dia será diferente.
Mas quem sente, sempre sentirá de forma sentida e mesmo que os sentidos de alguma forma mudem nunca deixarão de sentir. Podendo não ser o mesmo, não deixará de aparecer algo que provocará o mesmo sofrimento.
Escrevo directa a uma máquina mas hoje é assim. Não me apetece escrever poemas, pois a vida nem sempre é poesia ou prosa poética ou prosa sequer. Estou repetitiva, estou sem papel, sem caneta, sem tinta e nas tintas para o que devia ter em atenção para escrever correctamente. Não quero saber. Não me vesti de gala, não falo para que gostem, falo porque sinto que há algo de muito errado e que ninguém quer escutar.!
(Se existirem erros, paciência...na vida existem muitos!)
Dina Ventura - 1 de Janeiro de 2010

6 comentários:

  1. Não vi qualquer erro...
    Escrever a pensar nos outros não é nada bom, ainda que saibamos que os outros nos vão ler.
    Mas aconselho-te a escrever e a gravar antes de publicares, porque às vezes sai tudo errado... mas este teu texto saiu bem. Eu gostei.
    Querida Dina, ando com imensa falta de tempo. Mas, ainda que um pouco tarde, não poderia deixar de passar por aqui para te desejar um excelente 2010.
    Beijos.

    ResponderEliminar
  2. Não escrevi a pensar nos outros para me lerem, mas sim nos que estariam a sofrer, nos que estariam sós. Acho que és um "mestre" na arte correcta da escrita e admiro, mas eu não sou. Escrevo o que a alma dita mesmo desalinhado e acho que talvez nunca chegue ao teu brio e saber. Grande 2010 para ti e é uma honra as tuas visitas ao meu espaço. Beijos.

    ResponderEliminar
  3. Pessimista? Não, minha querida! Apenas realista! Mas temos de nos subjugar ao facto que nós, individualmente, não podemos mudar seja o que for! E se nos uníssemos e, juntamente, carragássemos, num abraço universal,tudo em Dó-menor?

    "Minha vida foi um “allegro ma non tropo”
    Na constante “fuga” aos “acordes finais”!

    ResponderEliminar
  4. Quando deixamos sair e tornamos os dedos boca...
    purgando o que ficou ali à saída do Eu. O acto traz leveza.

    Bom 2010

    Miguel

    ResponderEliminar
  5. Viajei em "regatos da concentração", serena.

    Porque uma gota pode mover o mundo, um regato permitir a amplitude da mente que se espelha nele, voltarei, se me permite.

    Saudações com estima
    *__bonecadetrapos__*

    ResponderEliminar
  6. Dina, para quando um novo post?
    Fico a aguardar.
    Boa semana, beijos.

    ResponderEliminar