quarta-feira, 9 de junho de 2010

BALANÇO


Contar os dias é dificultar a vida.
Importa é que se sinta o que o passar significa.
Não interessa o que fica para trás,
Conta é o que o hoje mostra, com o passar do tempo.
Onde quer que estejamos há que sentir.
Depois, há que enfrentar os rios de palavras
Enquanto o são de verdade. Ou seja:
Declarações da alma através da escrita
Transformando-nos em meros leitos.
Enciclopédias de sabedoria simples
Que o passar do tempo nos sussurra.
Zumbidos leves de Saberes
Que devido à fragilidade humana se perdem.
Esboços torturados duma hipotética beleza rara.
Máximas inacabadas, não por falta de tempo mas sim de conhecimento.
Borbulhar de riachos com aspiração a rios, sem se encontrarem no que são
Riachos.
Águas pouco claras que ao longo do tempo se vão coando.
Olhares despreocupados nas margens lixentas disfarçadas pela verdura.
Despertar incerto numa manhã cinzenta, na foz já cansada.
Encontro de águas para um nascer de algo.
Mares.
Remoinhos violentos num bater de ondas.
Incontrolável dimensão de profundidade desconhecida.
Lugares desejados, secretos, de conhecimento reduzido.
Navios procurados nas profundezas remotas
Oscilando em abismos de paradeiros inacessíveis.
Ventos.
Agitando as bandeiras do que existirá
Enquanto a procura se torna dolorosa porque é procura.
Caminhando em esforço contra a força do vento
Esperando alcançar o que deveras procura.
Noite.
Aparecendo, reporta ao que já passou,
Totalizante espera resultados palpáveis do que poderá ser.
Oculta, sem se esconder, passeia-se às claras.
Sai sem discussão, dando prazo sem dar e promete voltar.
Encontro.
Já de saída cruza-se com o Sol.
Olham-se de costas seguindo direcções opostas.
Idos deixam-nos à mercê do que são:
Tempo.
Esperas inúteis para os conhecer,
Encontros solenes de admiração e espanto.
Nada nos priva da sua companhia mesmo não estando connosco.
Trazem-nos o que são, pedindo em troca o que precisam:
Análise.
Porquê de existirem por si e sem nós.
Espaço.
Aberto sem no entanto nos ser permitido.
Seguem-se as vias da dedução e da lógica,
Encontram-se resultados questionando-os de dúvidas.
Incontroláveis procuras neste tempo que existe em nós.
Síntese.
Dia – Noite – Tempo

Dina Ventura

3 comentários:

  1. Assim que caír a noite, acende a tua lampada. Não me refiro à luz, essa, tens de a ter sempre acesa.
    Nunca permaneças na escuridão.
    Acende cuidadosamente a tua lampada.
    Atenção, nada de cepticismos exagerados.
    Vais reparar...
    O viajante que passa, dirá:
    - Quanto sossego e quanta paz deve haver perto daquela luz!
    A mulher solitária que avista a tua luz ao longe, pensará:
    - Ali deve aninhar-se o amor; dois seres que se amam a serem banhados por tão suave luz!
    A criaça que a contempla, a tua luz, exclamará:
    - Talvez hajam meninos e ou meninas ao redor da mesa, onde incide aquela luz, lendo belos contos e vendo maravilhosas estampas.
    O furtivo ladrão murmurará com receio:
    - Ali vive um homem prudente a quem não se pode atacar impunemente.
    Todos pensam coisas diferentes em função da tua luz.
    Muitos, ao internarem-se nas sombras, sentir-se-ão confortados pela tua luz.
    Na verdade, digo-te, tu não precisas de lampada.
    Tu iluminas com a tua luz.
    Foste comtemplada com a beleza da luz.
    Porém, já me iluminas o caminho!
    Gostava que fosses a minha lampada!
    Beijo doce, luz querida!

    FlexAbsol

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  2. Só tenho a agradecer o que deixaste, muito grata de coração. Abraço de Luz.

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  3. Sou o autor do comentário acima escrito mas foi engano, não era para ser postado no seu blog. Aradeço que o elimine.

    FlexAbsol

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