sábado, 2 de maio de 2009

HISTÓRIA DA CHUVA

by: dv

Capacidade de sonhar com as metáforas da vida

Chove! Apodera-se de mim uma tristeza real.

Algo parecido com paragem interior, insatisfação repousante.

Tudo me chama à meditação. É uma força urgente.

Gosto dessa chuva, mas neste momento desejava apenas ouvi-la, vê-la talvez, mas não a queria sentir.

Mas não! Ela cai sobre mim sem piedade.

Porque existes miséria!

Porque não tem o mundo conforto, para se poder sentir o que é belo!

Porque sendo a chuva bela, a não me deixam ver sem magoar?

Deito-me aconchegando contra mim a roupa molhada e fria.

Tenho de ser forte para conseguir.

Medito.

Mas que vejo? Já não há chuva, tudo se transformou!

Estou envolvida. Sinto-me leve como se voasse.

E é verdade, voo debaixo d’água.

Já não há chuva que me magoe. Estou protegida por todas as chuvas.

Sou acariciada por todas as plantas

E como são macias, tão macias que mal as sinto.

Agora apenas chovem bolhinhas d’ar. É engraçado,

Chove para cima... bolhinhas d’ar.

É chuva ao contrário, por isso é linda e não magoa.

Quando lhe toco desfaz-se para não me magoar.

Sinto-me feliz, porque a chuva já não me magoa nem é fria.

Sinto-me molhada, mas é um beijo acariciador das chuvas.

Sou feliz, porque acordei com a chuva a cair-me na cara.

Já me senti triste por isso acontecer, mas agora é diferente

Porque a chuva não é má,

Foi ela que me mostrou as outras chuvas

Que me protegeram e fizeram feliz.

Foi ela que me mostrou que não existe só miséria

E que pelo menos em sonhos tenho o direito a ser feliz!

(in: nas asas do vento encontrei)



Sem comentários:

Enviar um comentário