sexta-feira, 22 de maio de 2009

O FILME DA VIDA

by: dv

Ontem.

Foi ontem, apenas revelando-se porque é passado.

Completamente preenchido, já não cabendo em si,

Vê-se obrigado a sobrar-se para o dia seguinte.

Hoje.

Novo começo para um ontem e começo para um novo amanhã.

Ambos novos começos.

Serão tão diferentes assim?

Amanhã.

Repleto no hoje e vazio no amanhã seguinte,

Mas incessante no seu começo e fim.

Dias após dias repetitivos reflectem-se nas águas que lhes dão vida.

Tal qual elas, o tempo em dias caminha...

Ora revolta, ora calma, sendo rios ou mares,

Azuis, verdes ou brancos.

Assim é por onde andamos!

Até observar nos poderemos, como num espelho,

Quando as condições a isso nos conduzam.

Somos esbatidos na superfície,

Sem possibilidade de fuga, antes de nos vermos.

Tomamos conhecimento de que estamos lá, só quando nos vemos.

Revoltos, como água em remoinho, puxando-nos para um centro.

Tudo se perdendo na não originalidade,

Apenas cópias da força da gravidade.

Forças apostas e opostas, em constantes mutações.

Revelações do amanhã anotadas num ontem distante.

Interligação de ontens e hojes, para amedrontarem amanhãs.

São unidos, mas sempre formam par para ludibriarem o que resta.

Perseguições inalteráveis que nos enganam,

Com o objectivo de não serem alterados.

Desgaste significante na marcação do tempo.

Escapes musicais para amelodiar o tempo,

Sinfonias hilariantes para nos prostrarem na recordação.

Recordação no hoje, para que o ontem não morra.

Amanhã ansioso para que a sinfonia não se perca.

Ciclo vicioso de um todo inacabado!

Inacabado em imagem, porque o Amanhã existe.

Reforços pedidos para entender o que É.

Recursos apoiados no tudo que podem ser.

Conclusões gerais, duma lei que já foi.

Coisas completamente certas no começo do hoje,

Que poderão estar erradas quando sobrarem para amanhã!

Ilustrem-se as gentes para que se possam revelar.

Não nos fiquemos pelo filme que reteve a imagem.

Descodifiquemos o negativo e façamo-lo falar.

Que vida... tanto filme por revelar...

Ontem...hoje...amanhã.

(in: nas asas do vento encontrei) Dina Ventura



2 comentários:

  1. Poema expressivo, bem construído e sublime.
    Retrata com maestria o "Filme da Vida", que todos vivemos.
    Parabéns por essa sensibilidade que flui dentro da sua alma!

    Et

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