domingo, 24 de maio de 2009

PARAGENS...ESFORÇOS TALVEZ


by: dv

Há o recomeçar.

Que triste é a tristeza do estar parado.

Desgaste, esforço em vão, do não conseguir.

É como o desejo de gritar, para quem nunca falou.

Pena lançada na água de um rápido veloz.

É a dor do não parar, a dor da impossibilidade perante a visão.

Paro.

Dói pelo que foi a pena ou por não conseguir saber o que será?

Saudade do futuro.

Esgotamento precoce perante o não feito.

Manchas de tinta.

Rostos sujos pela imagem da alma.

Corpos doentes, sangrando, arrastando-se no hospital.

Hospital de nome vida, com jardins onde uns se passeiam,

Outros espreitam, se escondem, mas nenhum lá consegue morar.

Quem não conhece os jardins? Se sofre? Se sofre menos? Talvez.

Mas eles existem e para quê se são só imagens?

Recolhe-se ao hospital, é assim.

Passeio grátis pelos corredores desse imenso casebre.

As divisões multiplicam-se, portas que não se abrem,

Vontade de conhecer todas essas salas, recantos e gavetas.

Há o medo de se perder, de não conseguir dar com a saída.

Há os recuos para não perder de vista o que se tem pela frente.

Necessidade urgente de olhar para trás, para essas sombras,

Caminhos já percorridos, mas que não se vêem.

Chega-se novamente ao jardim e apesar de ser o mesmo,

Aproveitamos o pouco tempo que estamos nele para, pelo menos, respirar.

Empurram-se, todos precisam de ar puro.

Todos querem, ao menos uma vez, entrar nesse jardim.

As notícias correm como o vento, todos virão a saber que ele existe

E depois como será, perguntarão?

Não cabemos todos no jardim e lutamos, lutam...

Retiro-me, tem de haver uma saída.

Obrigada hospital, vida assim te chamas,

Vou tentar criar um pouco de jardim,

Neste quarto alugado à vida.

(in: nas asas do vento encontrei orixá) Dina Ventura



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