sábado, 13 de junho de 2009

ANONIMATO

by: dv


Tema de difícil acesso, que não me permitia escrever sobre ele. Porquê? Nem eu sei talvez por nunca ter pensado nele, ou melhor por nunca o ter sentido. E que sentido tem escrever sobre o que não se sente? Faz, nem que seja por desafio. Portanto vou falar sobre ele. Mas é tão complicado para mim, que só pode sair coisa complicada. Quando isso acontece é porque algo não está esclarecido então vamos ver o que consigo saber!

De origem grega “sem nome” este senhor é uma qualidade ou condição do que é anónimo e sem assinatura. Da sua origem provém obras muitas antigas às quais não se podem atribuir os autores mas que valem pelo que são. Será que foi isso mesmo que eles entenderam à altura e apenas faziam pelo simples facto de o quererem fazer? Mas por outro lado também pode ser parcial, pois no meio de tantos outros o que representa mais um afinal?

Quem sabe se o anonimato não carrega também a cobardia?

Mas com a evolução tecnológica, também se tornou doutor, passou a acto opcional de permitir manter a identidade escondida de terceiros.

Sem deixar de ser substantivo e portanto o que designa uma substância ou um ser, que designa qualquer coisa, animal, pessoa ou planta, acaba por se contradizer e não definir coisa alguma.

Pois, representa um estado sim, mas do que é anónimo e, nesse caso, um sem nome. Mas é também um sistema de escrever, pintar ou algo fazer sem assinar. Mas um autor desconhecido que não passa desse estado, deixa de ser? É muita ingratidão. Mas também é um palavrão que se chama desinviduação.

Não é tão simples estar no anonimato por tudo o que pode ou não conter. Melhor seria sair dele e não se contagiar com o que dele advém:

Com estimulação sensorial em excesso, concentra os recursos cognitivos na integração e interpretação de todos os estímulos. Sobrando muito pouca disponibilidade para reflectir sobre as suas acções, contribuindo assim para esse estado de palavrão imenso, quase não tendo consciência disso mesmo.

A auto consciência reduzida, pode conduzir à diminuição do medo de avaliações negativas. Resumindo e “descomplicando”, se não sabem quem sou posso fazer o que me der na real gana, para bom português correcto e palavroso.

Mas continuando na forma ritmada do estudo científico, apercebo-me que com os recursos cognitivos concentrados na interpretação de toda a estimulação sensorial que recebo, perco a disponibilidade para manter o circuito de feedback responsável pela auto avaliação e consciência das acções activas. Assim, posso tornar-me menos consciente de mim e do que faço, aumentando o palavrão. Desindividuação.

Esta diminuição é potenciada pelo embrenhar-me na multidão, aí perco a minha individualidade pessoal, se é que a perco, para adoptar uma identidade de massa. Na “alma colectiva” a mente individual funde-se, podendo converter-me num ser sem vontade própria e disso me esquecer. Posso concluir que o anonimato liberta a consciência, pois não corro o risco de ser descoberta, apontada ou criticada. Não darei aos demais a possibilidade de me criticarem, de me avaliarem pela minha ausência substantivada.

Induz-se o anonimato “despindo” o indivíduo das suas características individuais ou seja, daquilo que faz dele o ser único, ou melhor ainda, impossibilita os outros de o reconhecerem individualmente, faz-me até acreditar que não serei reconhecida.

Grito que quero sair do anonimato e grito porque ao sair, sou apontada e é-me incutida uma certa difusão de responsabilidade ainda maior, donde advém a sobrecarga de dados sensoriais.

Mas que carga de trabalhos!!!!

É muito controverso o anonimato. Quando assim se sente, será que não me torna mais permeável aos interesses da multidão? Não, não é verdade pois tornar-me-ia irracional!

Mas tenho de ter muito cuidado porque anónima no seio de um grupo pode potenciar em mim comportamentos de cariz anti-social e sem normas. Mas que digo?

Que ma pessoa ao considerar-se no anonimato, se sente um elemento estranho no meio de um grupo e que provavelmente exibe normalmente um comportamento inibido? O não ser conhecido diminui a importância que se dá às coisas ou às acções, ou às obras e por consequência da auto consciência e auto avaliação das mesmas, pela desmotivação? E isso que trará? Raiva? Impulsividade desmedida, tornar-se anti-social e anti regras, agindo sem primeiro premeditar as consequências das acções? E lá vem o palavrão. Ou será o contrário? Quando se sai do anonimato vê-se e sente-se a identidade individual reduzida, deixa de se identificar consigo mesmo e com as suas normas, adquire-se uma identidade social e nos comportamos de acordo com aquilo que o grupo vê normal? Ou será o contrário? Não se irá pensar nas acções enquanto indivíduo e reagir refugiando-se na inibição, encontrando-se finalmente no meio da multidão com um nome, que todos vêm, mas que ninguém conhece não deixando de estar no anonimato?

Muito difícil e no final fiquei na mesma! Afinal ser ou não é a questão! Bem depois de tudo isto não sei que fazer, que assine por baixo ou simplesmente deixe em branco! Mas algo interior me diz, assina porque não? Mesmo que não te conheçam talvez reconheçam que te preocupaste com o tema sem sair dele!

Dina Ventura 13 de Junho de 2009

2 comentários:

  1. Uma flor que nasceu e se desenvolveu algures,escondida do mundo, não deixa de ser uma flor bela.Mas...que digo eu?Se não vejo a sua beleza...como a louvarei?Sem dúvida,se a colho para a mostrar aos demais...érro,mas se a descrevo com amor e paixão,talvez muitos a vâo admirar e alegrar-se nela.Perderá virtude por isso?-Não!Desde que a deixem ser flor e que ela continue sendo...e o mundo sabendo!! B.C.

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  2. Lindo só um poeta poderá escrever assim...muito grata anónimo!
    DV

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