quarta-feira, 14 de outubro de 2009

ESTADOS - EFEITOS - QUALIDADES - I

A DUPLA
Contendo duas vezes a mesma quantidade
Redobram as forças, que vale e pesa em dobro.
É o sal resultante de outros dois. Cristal único.
É uma festa, mais solene do que as outras,
Chamadas apenas de simples ou semi.
São duas estrelas que à simples vista parecem apenas uma.
A longa distância no tempo seria, chamada de sombra,
Fantasma ou projecção aérea de um morto. União de almas.
Mas com o “A” ela é substituída.
Tem várias relações e associações.
De lugar onde, de tempo, de modo, de ordem e sucessão.
Pode negar ou privar, quando se antecipa.
Pode acrescer intensidade e transformação.
Separar, colocar uniformidade ou apenas imitar!
Prolongar apenas, na intensa perseguição de aproximar e fundir.

EVOLUÇÃO
Transformação gradual no tempo sem Tempo.
Tempo e espaço que existem apenas para o impulso vital.
É uma marcha evolutiva, sem retorno.
Apenas se acompanha e se é acompanhado.
Nada detém, nada destrói e tudo aumenta.
Sentido, no sentido dos Sentidos.
Se dá conta, sem dar, dando. Sem controlo.
Emerge e imerge da alma, da necessidade de elevar.
Apenas aumentando e atirando-nos para um centro,
Donde se vislumbram outros e outros
Aumentando cada um, para se encontrar o Centro.

ESBOÇADO
Sendo sorriso, traço ou sentimento
É o delineado inicial de alguma coisa.
Pode ser o traço geral, mas mesmo oculto, contém a obra.
Será um ensaio, uma palavra ou um resumo,
Mas a totalidade está contida.
Não perceptiva para quem não sabe,
Mas profundamente preservada e conhecida
Para quem esboça.

A CURA
Após.
Mas poderá não ser. Pode apenas ser o desejo de a obter.
Sem a tentativa não há o resultado e sem a doença,
Resta a prevenção.
Males reparados. Doenças curadas.
Neles se apoiou a Cura para funcionar.
A sua dimensão caminha em proporção.
De mãos dadas se encontram.
Se anulam ou se complementam.
Ou apenas coabitam ou se expulsam?
Medindo forças para quem deve ficar?
Que vença a cura.

AMOR PRIMATA
Aponta para a noite dos tempos.
Para a transição entre espécies,
Sentido em liberdade e busca.
O amor sentimento pelo qual o coração é levado,
Para o que lhe agrada fortemente e deseja. A posse.
Gosto vivo e intenso.
Fenómeno talvez, que permite adornar de mil belezas
Todo um local deserto e gélido. Entrega apenas.
Primeiras emoções da alma, sem controlo,
Que despertam ao sopro de uma aragem.

A FACE
Do semblante às superfícies rasas se manifesta.
Não é a medida, nem as páginas manuscritas
Com um determinado número de letras por linha.
Obedecendo a uma tabela. Não.
Não é cotar pelo mais baixo, nem tão pouco
Colocar pelas ruas da amargura. Não!
Será talvez o espelho.
Tal como aquele em que o lago se transforma
Pela calmaria das águas, onde tudo parece plano
E a realidade se duplica, virada ao contrário.
Quem sabe o lado duma moeda onde a cara se manifesta
Mostrando o ângulo que nos mostra o oposto e o avesso.
Se fazemos face é porque nos opomos, ou então
Por desejarmos resolver.
Então qual da face faz face ao que se pretende ver na outra face?
Serão duas? Ou mais? Ou tantas quanto se quiser?
É melhor querer…pois nela se encerram muitos sentidos.
Do olfacto passando pelo sabor, o melhor é ouvir
O que o olhar irá reflectir.

O OLHO DE ORWEL
Capta, perscruta e segue!
Persegue sem se dar conta, vigia.
Sabe-se que está lá, mas esquece-se.
Adormece!
Acordo num jardim e as árvores são a imagem captada.
Espaço vazio se não olhado.
Banco vazio se não ocupado.
Abandonado, enferrujado por ninguém se sentar.
Ou sentou e não foi visto nem viu?
Incapaz de se expor, ao ser olhado
Não mostrou ao mundo a miséria de estar só.
Ninguém reparou! Porque não gritou?
Perdeu a voz, esqueceu-se que também é imagem
De si, dos outros e do que não se capta, se não se observa.

APELO DA ALMA
O que se sente, quando se Sente?
Não é paixão, não é amor, nem amizade.
Não é nada que se conheça.
Apenas se sabe que é nascido.
É algo novo que não existe, existindo.
Não tem nome apenas É
Um apelo da alma.

Sem comentários:

Enviar um comentário