quarta-feira, 14 de outubro de 2009

ESTADOS - EFEITOS - QUALIDADES - II

CEGUEIRA
Cego é quem não vê o que o rodeia.
Mas quem não vê, não o sendo?
Entra no fanatismo, no extremo e no desvario,
Acabando por cair no lago da ignorância.
Na ausência completa e profunda dos sentimentos altruístas.
A cegueira moral leva à perversão,
Com a conservação da inteligência.
A quantos a sua psique lhes nega a visão
E as coisas passam a ser vistas e não reconhecidas.
Apenas cegueira simplesmente cega.

DESENCANTO
De rompante o despertar.
Bateram à porta. O desencanto aparece sem se anunciar.
Diz estar na hora de acordar, de dar inicio às apresentações.
Arrasta com ele uma multidão e começa por lhe dar nomes.
Sem ordem alfabética, nem organização. Acotovelavam-se
Para ocuparem o espaço que estava vazio à sua espera.
Desilusão? Presente! Decepção? Presente
E continuou por tempo infindável. Até que chegou a uma chamada que não se ouviu o grito de estar ali! Mas estava, apenas não respondeu.
Ilusão!!!
Voltou a não soar…silêncio, ausência ou paragem?
Nada disso, apenas indecisão.
Não sabia se estava, ficava, existia ou desistia.
Seria engano dos sentidos ou da inteligência?
Não sabia se tomava a aparência pela realidade,
Ou se tudo não passava de uma ilusão da vista. E então?
Não seria esse o seu nome…mas sim miragem!
Confusa, mas firme em si recompõe-se no efeito artístico
Que procura produzir, na impressão da realidade.
Que fazia ali o desencanto? Para a expulsar?
Dizendo que apenas se alimentava de ideias quiméricas,
Coisa efémera e enganadora…
A ilusão reagiu, empurrou o desencanto e gritou!
Cala-te tu! Por causa de três letras destruíste tudo! O encanto que possuías, que arrebatava, dava prazer. Tinha atractivos! Onde estão? A beleza, a sedução, os encantos da Natureza e todo o encantamento? Fica com o teu “des”! Não vences, eu sim eu sou vida…
Porque a própria Vida é real, mas é também uma ilusão.

ESCRAVIDÃO
Entrega total ou dedicação, acreditando escrupulosamente. Assim, sofre-se o domínio, é-se escravo.
Escravo de um sentir, de um fazer ou simplesmente escravo. Não deixa de ser um estado, uma condição de servidão, cativeiro, sujeição ou dependência, faltando enfim a liberdade por bem querer ou fazer.
Pode não ser por compra ou sujeição absoluta, mas por entrega ao que se acredita ou obedece. Dominado pela paixão e entrega da alma.
Que seja,
Mas nunca ter alma de escravo, o que a torna vil e baixa.
Ser escravo das suas paixões, obedecer-lhe cegamente sem forças para as refrear. Morre.
Da guerra a mercador, ou a lago…
Nunca à escravidão.

INTERFACE
Não passa de uma preposição que significa entre.
Antecipa-se e torna-se mediadora por vezes de nada.
Acompanhada algumas vezes de traço, só com autorização.
O segundo elemento deixa que se lhe junte, caso o H ou R assim o entenderem, depende de HR.
Assim, sem homem ou razão não há hífen, seu elo de ligação.
Sem ele serve de acompanhante, atira o sentido para algures, ou unem-se, acrescendo algo no meio deles.
Assim várias opções: ou dá espaço ou liga-se a ela ou se afasta.
E na face? Sem, não liga. Com, é irregular.
Então para que servirá o inter na face?
Representará alguma que não se vê e que por isso se disfarçou de inter passando a ser uma em duas, não duas numa, mas sim três em duas! Interface.

O NÚ
Quando ouvido sente-se assinalado, mas ao ser visto torna-se descoberto exposto à vista.
Quem sabe maltrapilho, desguarnecido, sem ornamentos que o disfarcem.
Árvore em pleno final de Outono, sem folhas ou verduras, sentindo-se privada, destituída, desactivada e seca.
Mas porque não a mudança?
A necessidade de retirar tudo o que estava e colocar-se sem disfarces, tornando-se na verdade nua e crua e tomar a sua melhor e nova forma!
Nú.

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