segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A CHEGADA - II - OPTO


Pormenor - Tela do pintor Bernardino Costa (B.C.)

A temperatura é amena,
Permitindo que uma aragem bem fresca me toque.
A sensação é agradável.
Olho em redor
E vejo-me acompanhada da beleza,
Da frescura daquele lugar
E do envolvimento com a Natureza.
Volto a olhar para o cartão que me tinha levado até ali.
Palavras amarradas a um papel com o intuito de ferir.
Tento reler
Mas apenas vejo um cartão em branco
E apenas me sai:
Neve ou luz.
Sem grandes focagens
Apenas tento seguir em frente,
Em qualquer direcção.
Opto.
Sem optar,
Apenas impulsos,
Sigo sem rasto
O que o meu poder de orientação me indica.
Algo lá ao longe se começa a desenhar.
Não uma miragem
Mas a possibilidade de ser algo.
Caminho apenas embalada
Pela vontade de chegar.
Reúno em mim a construção
Do que estará lá,
Questionando-me se o será mesmo.
Nada melhor do que a curiosidade
Para o confrontar.
E se não for?
Algo será.
Só me resta saber.
Tremo.
Não na emoção da procura
Mas sim na emoção do encontro.
É algo superior a mim,
Incontrolável,
É um vibrar interior,
Que suplanta todas as emoções,
Porque as contém.
À medida que os contornos se vão tornando
Cada vez mais nítidos,
Facilmente me apercebo do que é.
Após uma análise superficial,
Sinto que posso continuar.
Há mais.

Dina Ventura - in: nas asas do vento encontrei

Sem comentários:

Enviar um comentário