quinta-feira, 9 de abril de 2009

Movimentos da alma

Movimentos da Alma.

Provocam uma dor, que não o sendo, desperta o interior dolorosamente. Tenta sair, exteriorizar-se e embate na parte interior do corpo de forma violenta, como uma pedra envolta em veludo.
Todo o ser se movimenta e agita numa avalanche incontrolável. São as emoções fortes que nos tornam frágeis, mas são elas que nos fazem vibrar com e para a vida.
É algo que começa de mansinho, ganha volume e velocidade, dando a sensação de vertigem ou, que se não se conseguir estancar esse movimento, nos afundamos nessa onda que se apresenta imensamente poderosa e que nos poderá derrubar e destruir.
Há que ganhar fôlego, inspirar o mais profundo mesmo em dor, encher os pulmões de oxigénio na maior quantidade possível, para ao mergulharmos nos protegermos do embate e não morrermos de falta de ar. É algo imenso, intenso que só pode ser explicado através da alma e dos seus movimentos. Sempre que ela se movimenta dói de forma apaziguadora. Entra na mente e desfaz e transforma os significados de todas as palavras criadas pelo Homem. Ela transcende todos os símbolos e destrói todas as composições elaboradas e estruturadas no tempo. Provoca revoluções interiores que nos deixam atónitos, sem entendimento ou razão. Olhar a alma significa olharmo-nos sem medo, mas receosos dos nossos sentidos. Há o pôr em causa comportamentos, atitudes e questionando a própria vida das partidas ou provas a que nos submete. É o sentirmo-nos envolvidos por uma força misteriosa que nos supera e faz com que sangremos para a conseguirmos controlar.
Sempre se sabe o que é, costumam dizer os especialistas, mas e quando na realidade nos questionamos e não encontramos respostas? Porque envolvemos outros nas nossas dúvidas, medos e inseguranças e porque lhes atribuímos a origem dos nossos tormentos? O ser humano reage a si mesmo nem sempre duma forma verdadeira e corajosa. Esconde-se atrás de si mesmo, provocando um desdobramento desumano que o desprotege ainda mais. De quê? De nada em especial, porque o não se sentir protegido é por não ter os apoios internos necessários, ou pelo facto dos alicerces estarem pouco profundos e não conseguirem aguentar a estrutura se a tiverem construído e erguido em desacordo proporcional às bases.
A sustentação do ser é tão leve, permeável e frágil, que ao menor descuido pode desabar. A isso se chama viver, crescer e sentir, sentindo-se. Isto é um testemunho.

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