domingo, 24 de maio de 2009

GRITOS - ECOS DE MIM



Amarrotar papéis, escrever, riscar, pensar.

Quantos sentimentos dobrados, vergados, jogados.

Porque são soltos, descabidos, não se aceitam.

É preciso ordená-los em frases correctas, bem gramaticadas.

É preciso enquadrá-las num contexto fútil,

Mas útil para o texto.

Que se danem as criações, as ilusões,

O sentir singelo de uma simples frase.

Vamos polir as palavras, já gastas e sem brilho.

Vamos condecorá-las e repeti-las, amordaçando-as.

Há que pô-las de castigo, fechá-las, dobrá-las.

É preciso dominá-las, ensiná-las.

Há uma palavra já rouca de tanto palavrear.

De nada lhe serve. Tiraram-lhe a identidade.

Deram-lhe ordem de despejo, por tão mal se portar.

Era louca essa palavra, falava de mais.

Morava num campo livre, mesmo fechado.

Tudo lhe fora permitido,

Agarrando-se a essas rápidas asas – imaginação –

Era vê-la voar. Tudo abrangia.

Ela era o centro e dela tudo partia.

Agora é tarde, já cansada de nada lhe serve gritar,

Ninguém a ouve, ninguém a respeita. Nada vale.

Perdeu-se tal como as outras.

Mas será que mesmo já gasta, ajudada por essas asas

Conseguirá voar mais alto, gritar de novo

E de novo voltar a fazer ouvir e respeitar o seu nome

Liberdade!

(in: nas asas do vento encontrei orixá) - Dina Ventura



1 comentário:

  1. Aqui na estrada das estrelas e raizes, tudo por ti passara como passam as aguas dum rio, um barco no rio e um rio em suas margens.Guardar a vida e perdela. De mestre nos sirvam esta flor,esta estrela de menina.POIS da sua inocencia nascem os versos. Acorda o flutua,o passaro,o asas, o musica!,acorda do seu inabalavel sonho e suavemente se as margens,o barco o rio.
    --- fsf -----

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