terça-feira, 7 de abril de 2009

Arte e espiritualidade - continuação

Quarta parte
Este tema serviu de mote para conversas tidas, durante uma exposição de pintura intitulada "De mãos dadas" que me sinto muito honrada em ter participado com duas amigas a Ana, http://anagpintora.blogspot.com e a Sónia: http://sabordomar.blog.com. Para quem as desejar visitar pode e deve, pois vale a pena.
Ora essa exposição serviu para nos libertarmos, descomprimirmos, dialogarmos e de mãos dados nos sentirmos bem e foi isso que aconteceu. Muito grata a elas e a quem nos deu essa oportunidade.

A arte alimenta-se de ingenuidade, de imaginação que ultrapassa os limites do conhecimento e é aí que encontra o seu reino, a essência ou centelha divina, chamem-lhe o que quiserem, que cada um de nós possui e desenvolve mais ou menos.
O dizer tem o dom, acredito, mas creio que os grandes mestres e artistas se esforçaram e esforçam para conseguir alcançar o que para eles seria o seu melhor, porque o que para nós está perfeito para eles não estaria. E é esta essência que cada um guarda bem dentro de si, a que a ciência não tem acesso e não sei se algum dia terá, julgo e espero que não, que nos liga directamente à arte e ao desenvolvimento espiritual, ou seja a uma evolução no sentido positivo como seres pensantes.
Todos os passos são importantes para que avancemos em direcção ao nosso "eu", sem nos afastarmos dos outros, antes pelo contrário, pois considero que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que ao esquivar-se do sofrimento ou sacrifício para lutar, perde ou deixa escapar a felicidade.
O olhar uma tela, mesmo que não a entendamos, activa em cada um de nós, os mais profundos sentimentos por vezes adormecidos por alguma razão ou devido até à falta de tempo para Olhar. Se olha apenas e diz que "coisa" tão simples parece de criança, mas que arte é esta? Será que não está a conseguir enxergar porque perdeu a sua criança algures ou terá medo de a enfrentar?
Arte seja ela qual for é sempre um caminho essencial para a busca da transcendência que nos inunda a alma e que por vezes é tão subtil que nem nos damos conta.
Para Willian Blake, Sir, (1757-1827), poeta místico inglês, a noção de espiritualidade era tão intima quanto a arte. Por vezes era incomprendido e até apelidade de louco, por usar com todas as forças da alma, a criatividade contra a parte científica. Poeta, artista plástico e acima de tudo e o mais importante um observador do mundo. Para ele por mais brilhantes que as descobertas cientificas fossem, não seriam suficientes para explicar os processos da Natureza e a alma humana, muito mais complexos do que por vezes os cientistas concebem. Melhor do que ninguém ele sabia que somente a arte, com a sua maior liberdade de expressão, é capaz de tornar possível a manifestação das tendências do espirito. Palavras suas "Ver o mundo num grão de areia e o paraíso numa flor silvestre, segurar o infinito na palma da mão e a eternidade numa hora". É isso o que um artista consegue fazer, estimulando a sua criatividade e dando asas ao seu espirito para que possa voar para além fronteiras.
Grata por terem chegado até aqui.

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