sábado, 30 de maio de 2009
sexta-feira, 29 de maio de 2009
EXPOSIÇÃO DE PINTURA 1 A 30 DE JUNHO FOYER DA AULA MAGNA DO POLITÉCNICO DE VISE
Dina Ventura
domingo, 24 de maio de 2009
INCAPACIDADE
Os três estados dificultam o dizer.
Por serem três fazem com que me perca.
Há sempre o perder algo até chegar.
Vejo lá dentro, sinto e escrevo, perdendo grande parte do que era.
Fica muito pouco.
Mal consigo conter a raiva perante a incapacidade.
Então volto-me para ela, porque não?
Se ela existe é por alguma razão e é a ela que terei de pedir ajuda.
Essa incapacidade sente-se perseguida e atraiçoa-me,
Com pensamentos duplos, triplos,
Até que finge compreender-me para que eu não a veja.
Desculpa-se com os estados, com o pensamento descodificado,
Com a surdez interior.
Chama-me de inferior.
Ela vive dentro de mim, eu sou a sua casa.
Então é ela que me conhece, é ela que ordena.
Há a revolta. Ri-se de mim.
Ela é que me abandona quando quiser,
Quando esta casa já não lhe servir, sai.
Há tantos lugares por aí.
Mas sinto-me satisfeita porque me apercebi dela.
Tornou-se um fardo, um peso que não me faz vergar.
Mas faz-me pensar, agir e tentar
Encontrar a melhor forma de a transportar...
... Incapacidade.
(In: nas asas do vento encontrei orixá) - Dina Ventura
PARAGENS...ESFORÇOS TALVEZ

Há o recomeçar.
Que triste é a tristeza do estar parado.
Desgaste, esforço em vão, do não conseguir.
É como o desejo de gritar, para quem nunca falou.
Pena lançada na água de um rápido veloz.
É a dor do não parar, a dor da impossibilidade perante a visão.
Paro.
Dói pelo que foi a pena ou por não conseguir saber o que será?
Saudade do futuro.
Esgotamento precoce perante o não feito.
Manchas de tinta.
Rostos sujos pela imagem da alma.
Corpos doentes, sangrando, arrastando-se no hospital.
Hospital de nome vida, com jardins onde uns se passeiam,
Outros espreitam, se escondem, mas nenhum lá consegue morar.
Quem não conhece os jardins? Se sofre? Se sofre menos? Talvez.
Mas eles existem e para quê se são só imagens?
Recolhe-se ao hospital, é assim.
Passeio grátis pelos corredores desse imenso casebre.
As divisões multiplicam-se, portas que não se abrem,
Vontade de conhecer todas essas salas, recantos e gavetas.
Há o medo de se perder, de não conseguir dar com a saída.
Há os recuos para não perder de vista o que se tem pela frente.
Necessidade urgente de olhar para trás, para essas sombras,
Caminhos já percorridos, mas que não se vêem.
Chega-se novamente ao jardim e apesar de ser o mesmo,
Aproveitamos o pouco tempo que estamos nele para, pelo menos, respirar.
Empurram-se, todos precisam de ar puro.
Todos querem, ao menos uma vez, entrar nesse jardim.
As notícias correm como o vento, todos virão a saber que ele existe
E depois como será, perguntarão?
Não cabemos todos no jardim e lutamos, lutam...
Retiro-me, tem de haver uma saída.
Obrigada hospital, vida assim te chamas,
Vou tentar criar um pouco de jardim,
Neste quarto alugado à vida.
(in: nas asas do vento encontrei orixá) Dina Ventura
GRITOS - ECOS DE MIM

Amarrotar papéis, escrever, riscar, pensar.
Quantos sentimentos dobrados, vergados, jogados.
Porque são soltos, descabidos, não se aceitam.
É preciso ordená-los em frases correctas, bem gramaticadas.
É preciso enquadrá-las num contexto fútil,
Mas útil para o texto.
Que se danem as criações, as ilusões,
O sentir singelo de uma simples frase.
Vamos polir as palavras, já gastas e sem brilho.
Vamos condecorá-las e repeti-las, amordaçando-as.
Há que pô-las de castigo, fechá-las, dobrá-las.
É preciso dominá-las, ensiná-las.
Há uma palavra já rouca de tanto palavrear.
De nada lhe serve. Tiraram-lhe a identidade.
Deram-lhe ordem de despejo, por tão mal se portar.
Era louca essa palavra, falava de mais.
Morava num campo livre, mesmo fechado.
Tudo lhe fora permitido,
Agarrando-se a essas rápidas asas – imaginação –
Era vê-la voar. Tudo abrangia.
Ela era o centro e dela tudo partia.
Agora é tarde, já cansada de nada lhe serve gritar,
Ninguém a ouve, ninguém a respeita. Nada vale.
Perdeu-se tal como as outras.
Mas será que mesmo já gasta, ajudada por essas asas
Conseguirá voar mais alto, gritar de novo
E de novo voltar a fazer ouvir e respeitar o seu nome
Liberdade!
sábado, 23 de maio de 2009
AS ESTAÇÕES DO ANO
Acordo e sinto um cheiro a vida. Existe um misto de quente e frio,
Um cheiro à frescura da terra e ao calor das flores.
É como se dentro de mim nasça uma vontade louca de me despir,
Me apeteça beber todo o odor que me banha.
É como se não conseguisse saciar toda a sede de calor
E sinto-me leve, sinto-me florida e fresca.
Mas nunca me vou cansar dessa frescura,
Porque quando ainda a desejo, vejo-a ir-se apagando ofuscada por um bafo quente.
Não sabe bem. Sinto-me abafar sem possibilidades naturais de quebrar esse calor.
É preciso muita força para não deixar de respirar.
E bebo, bebo com a sofreguidão de quem vai deixar de ter.
É um maldizer da vida. Sinto-me sem forças para me abanar.
Olhar parado, inquieto, procurando em vão qualquer movimento.
Alguém me tocou. Sinto-me despertar.
Mas não é possível... é tão pequenina. Mas foi ela.
Foi essa folha que se desprendeu para me salvar.
Pairou sobre mim, agitando de mansinho o ar inerte.
E veio outra e muitas outras se seguiram.
É como se tivessem combinado a hora de me salvar de tal calmaria.
Deu-me uma certa melancolia e pensei:
Para meu bem se viram vocês despojadas dos vossos bens e adornos.
Mas depressa me passou, pois tudo ficou sereno, calmo, cheio de uma beleza fresca e amarela.
Amarelo...dourado...pensei que aquela luz cansada de tanto calor se ia derretendo,
Deixando cair sobre mim um pouco dos seus braços,
Que de tão longa caminhada se tornaram frescos e protectores.
Fui deixando que me envolvessem.
Senti-me enleada de tal forma ao ponto de perder as forças.
Mas sentia-me bem. Tão bem que tudo parecia irreal.
Mas fui despertada por um gesto brusco. Porque teria eu feito isso?
Percebi! Os braços dessa luz já não me aqueciam, estavam muito frios.
O brilho amarelo foi desaparecendo e tudo se tornou escuro e gélido. Senti-me perdida, angustiada.
Tinha-me esquecido de tudo por tão bem estar.
E eis-me despertada para a vida de uma maneira tão cinzenta e fria.
Mas ainda bem que existiu esse cinzento, porque assim mais brancura os meus olhos viram.
Como se uma luz sobrenatural tivesse sido acesa e tudo passou a um branco resplandecente.
O frio tornou-se agradável, penetrando todo o meu ser. Senti-me novamente enleada.
Era lindo, tudo é lindo e pensei:
Sou viva e quatro são os cheiros que me ligam à terra!
(in: nas asas do vento encontrei orixá) - dina ventura
sexta-feira, 22 de maio de 2009
DESCODIFICAÇÃO DO TEMPO
O tempo não existe. Mas existe.
Acabei de o descodificar.
Ele é espaço. Espaço de algo a que se chama tempo.
Onde se albergam, coisas de nome sentimentos.
São pequenos tempos que preenchem o espaço onde o tempo vive.
Logo também são tempo e o Tempo é sentimento.
Angústias que apesar de tormentos individuais,
São inquietudes metafísicas, que promovem estreiteza
E quanto mais espaço têm mais se sente o aperto.
São ânsias provocadas por desejos ardentes
De alcançar o que não se tem,
Saber, o que não se sabe
Ou apenas a necessidade aflitiva de criar
De extorquir ao tempo, o que o tempo esconde no espaço que tem.
São insónias, para que a vigília se processe e permita, a não paragem.
É a inspiração, quer do ar que entra e permite sentir
Ou o entusiasmo criador pelo ter respirado.
É o instante, em que o tempo é reduzido a um lapso.
E é nesse momento único que o tempo, tem tempo e vive
Fazendo-nos esquecer que ele existe e é sonho.
Aí o tempo existe livre,
Sem ser necessário esconder-se ou descodificar-se
Ele apenas é, o que o sonho o deixa ser!
Dina Ventura - Maio de 2009
D A T A S...
Contar os dias é dificultar a vida.
Importa é que se sinta o que o passar significa.
Não interessa o que fica para trás,
Conta é o que o hoje mostra com o passar do tempo.
Onde quer que estejamos há que sentir.
Depois, há que enfrentar os rios de palavras
Enquanto o são de verdade. Ou seja:
Declarações da alma através da escrita transformando-nos em meros leitos.
Enciclopédias de sabedoria simples que o passar do tempo nos sussurra.
Zumbidos leves de Saberes que devido à fragilidade humana se perdem.
Esboços torturados duma hipotética beleza rara.
Máximas inacabadas, não por falta de tempo mas sim de conhecimento.
Borbulhar de riachos com aspiração a rios, sem se encontrarem no que são:
Riachos. Águas pouco claras que ao longo do tempo se vão coando.
Olhares despreocupados nas margens lixentas disfarçadas pela verdura.
Despertar incerto numa manhã cinzenta, na foz já cansada.
Encontro de águas para um nascer de algo.
Mares. Remoinhos violentos num bater de ondas.
Incontrolável dimensão de profundidade desconhecida.
Lugares desejados, secretos, de conhecimento reduzido.
Navios procurados nas profundezas remotas
Oscilando em abismos de paradeiros inacessíveis.
Ventos. Agitando as bandeiras do que existirá
Enquanto a procura se torna dolorosa porque é procura.
Caminhando em esforço contra a força do vento
Esperando alcançar o que deveras procura.
Noite. Aparecendo, reporta ao que já passou,
Totalizante espera resultados palpáveis do que poderá ser.
Oculta, sem se esconder, passeia-se às claras.
Sai sem discussão, dando prazo sem dar e promete voltar.
Encontro. Já de saída cruza-se com o Sol.
Olham-se de costas seguindo direcções opostas.
Idos deixam-nos à mercê do que são:
Tempo. Esperas inúteis para os conhecer,
Encontros solenes de admiração e espanto.
Nada nos priva da sua companhia mesmo não estando connosco.
Trazem-nos o que são, pedindo em troca o que precisam:
Análise. Porquê de existirem por si e sem nós.
Espaço. Aberto sem no entanto nos ser permitido.
Seguem-se as vias da dedução e da lógica,
Encontram-se resultados questionando-os de dúvidas.
Incontroláveis procuras neste tempo que existe em nós.
Síntese: Dia – Noite – Tempo
O FILME DA VIDA
Ontem.
Foi ontem, apenas revelando-se porque é passado.
Completamente preenchido, já não cabendo em si,
Vê-se obrigado a sobrar-se para o dia seguinte.
Hoje.
Novo começo para um ontem e começo para um novo amanhã.
Ambos novos começos.
Serão tão diferentes assim?
Amanhã.
Repleto no hoje e vazio no amanhã seguinte,
Mas incessante no seu começo e fim.
Dias após dias repetitivos reflectem-se nas águas que lhes dão vida.
Tal qual elas, o tempo em dias caminha...
Ora revolta, ora calma, sendo rios ou mares,
Azuis, verdes ou brancos.
Assim é por onde andamos!
Até observar nos poderemos, como num espelho,
Quando as condições a isso nos conduzam.
Somos esbatidos na superfície,
Sem possibilidade de fuga, antes de nos vermos.
Tomamos conhecimento de que estamos lá, só quando nos vemos.
Revoltos, como água em remoinho, puxando-nos para um centro.
Tudo se perdendo na não originalidade,
Apenas cópias da força da gravidade.
Forças apostas e opostas, em constantes mutações.
Revelações do amanhã anotadas num ontem distante.
Interligação de ontens e hojes, para amedrontarem amanhãs.
São unidos, mas sempre formam par para ludibriarem o que resta.
Perseguições inalteráveis que nos enganam,
Com o objectivo de não serem alterados.
Desgaste significante na marcação do tempo.
Escapes musicais para amelodiar o tempo,
Sinfonias hilariantes para nos prostrarem na recordação.
Recordação no hoje, para que o ontem não morra.
Amanhã ansioso para que a sinfonia não se perca.
Ciclo vicioso de um todo inacabado!
Inacabado em imagem, porque o Amanhã existe.
Reforços pedidos para entender o que É.
Recursos apoiados no tudo que podem ser.
Conclusões gerais, duma lei que já foi.
Coisas completamente certas no começo do hoje,
Que poderão estar erradas quando sobrarem para amanhã!
Ilustrem-se as gentes para que se possam revelar.
Não nos fiquemos pelo filme que reteve a imagem.
Descodifiquemos o negativo e façamo-lo falar.
Que vida... tanto filme por revelar...
Ontem...hoje...amanhã.
segunda-feira, 18 de maio de 2009
TESOUROS ESCONDIDOS
Que doces encantos na solidão amarga.
Que forças imensas no perder das forças.
Algo aparecendo no peito ardente.
Há um abalo no corpo dorido,
Há um ressuscitar na vontade forte,
Há um quebrar do refúgio secreto.
Ondas agitadas de um mar parado.
No fundo os navios afundados e perdidos.
Velas erguidas em direcção à luz.
Plantas regadas com lágrimas geladas,
Florescendo mortas num canteiro fechado.
Portas secretas que se abrem aos poucos
Para o campo perdido do Infinito.
Raízes mortas de plantas ressuscitadas,
Bocados secos de seivas brutas,
Passagem ao alimento duma seiva enganada.
Encontros de caules procurando alimentos
Num deserto seco de campo a florir.
Escolha de terra para além da que fica.
Criação de sonhos numa vida de palco,
Rasgos de véus com as forças do vento,
Procura sangrenta de olhos feridos.
Voltar à luta numa batalha perdida.
Encontrar forças num corpo não corpo.
Viagem no tempo do real sem fim!
domingo, 17 de maio de 2009
NOSTALGIA - SENSIBILIDADE - AMIZADE
Externato de Santa Maria Maior
12.º CONVIVIO
Antigos Alunos do Externato de Santa Maria Maior de Tábua
Pedra da Sé - Tábua - 16 de Maio de 2009
Enquanto avançava para o local do encontro, sentia que recuava no tempo até à adolescência. Sensação normal para quem não via há muito tempo amigos e colegas, já consciente que alguns, poderia não encontrar. Apesar de preparada instalou-se uma nostalgia inexplicável. Ao chegar deparou-se-me um já bem composto grupo do que estava calculado. Próximo de sessenta pessoas, entre antigos alunos e professores. Na mente estava presente a imagem guardada ao longo dos tempos. Nada mais. Uns reconhecíveis outros já não tanto, mas foi ao primeiro abraço que a sensibilidade falou mais alto. Não aguentei e ao contrário do que podia pensar desatei num choro que já me tinha ameaçado de manhã (enquanto escrevia algo que pretendia ler), mas que ali não consegui conter. E pronto passado o primeiro impacto a dor apaziguou-se, apesar de se manter bem presentes os que já não poderei ver nunca mais nas nossas reuniões, mas que estarão sempre dentro do meu coração.
Após o almoço convívio, veio a caminha tão bem preparada, que deixou que a Natureza equilibrasse a mente, mais para o fim da tarde o lanche e a coragem para ler em voz alta o que tinha escrito de manhã. O sentimento era o mesmo com que tinha sido feito e que não me importava partilhar o receio era o desfecho.
“Encontro de amigos – Externato Santa Maria Maior - 16 de Maio de 2009
Recordações
Sem saber porque acontece ou como acontece
Dou por mim muitas vezes, a ver não com os meus olhos
Mas através de alguém que não sei quem é!
Pergunto se sou eu, que ainda não conheço
Ou alguém, que me quer dizer quem é ou quem sou.
Através do seu olhar vejo um mundo com gente,
Gente apenas. Um conjunto sem significado, sem sentido e um pouco desfocado.
Apenas observo, sem ainda entender nem conseguir descodificar.
Apenas fazem parte.
Parece algo neutro, sem cor, que mexe mas não tem vida, irreal.
Hoje esse alguém não está, ausentou-se.
Deixou-me, entregue a mim mesma, de visão clara
Para poder viver a realidade presente.
E agora neste momento, estou a olhar e a ver através de mim.
De forma clara e nítida.
Gente, mas não uma gente qualquer.
São pessoas que olho e sinto.
Umas mais, outras menos, mas todas me dizem algo.
Puxam-me para algo, que nunca esqueci
Nunca vou esquecer, pois faz parte de mim e ajudou-me a ser quem sou:
Externato Santa Maria Maior de Tábua.
Foram muitas dessas pessoas para quem estou agora a olhar
Que fizeram com que a minha alma nunca deixasse de Ver.
E hoje, essa a razão porque estou aqui.
Durante todos os anos em que não estive presente,
Sempre estiveram comigo, sempre fizeram parte de mim e sempre farão.
Muito grata por me aceitarem, me convidarem, por me chamarem e
Por não se terem esquecido de mim!
Por isso estou aqui. Vim não por obrigação mas porque senti que devia estar presente.
Vim porque a ausência, se tornou amargurada
E as memórias do que me fez ser assim me empurraram para aqui.
Há sempre uma razão de ser.
Não é sempre apenas porque se quer ou quando se quer
E sim porque, era agora e hoje que eu tinha de o dizer!
Mais uma vez grata de coração a todos vós.
Amigos de uma vida que me ajudaram a ser quem sou.
Um abraço especial ao meu director, professores, colegas de turma e amigos
Que se mantiveram ao longo dos anos!
Mesmo aos ausentes, a saudade ficou.
Aos que já não estão entre nós, um abraço e carinho muito especiais
Pois quem sabe não estarão a ouvir, a ver e a sorrir!
Quando é de alma, a alma não tem barreiras, não tem fronteiras
Nem distância, nem obrigações, apenas união de corações.
Bem hajam todos por me aceitarem aqui.
Obrigada Leonor pela tua “sempre presença” e pela tua insistência.
Sempre cito uma frase ‘é mais fácil desistir do que persistir’
Tu és a prova disso!
Tu és uma guerreira de alma que muito admiro!
Obrigada a todos e até para o ano. “
Após a leitura desmanchei-me em lágrimas outra vez e agradeço a todos que comigo se comoveram e me ajudaram a conter as lágrimas. Obrigada a ti mana por me teres acompanhado nesta aventura de sensibilidade e emoções.
Dina Ventura
quinta-feira, 14 de maio de 2009
P O E T A
Segundo a definição, poeta é aquele que se dedica à poesia
Que tem faculdades poéticas. Poeta é um idealista. Um sonhador.
Será mesmo?
Não sei se gostava de ser poeta. Mas sei que não sou.
Poeta é ser mágico.
É conseguir tirar do nada o que sempre lá existiu.
É tirar o vazio, do vazio que o preenche.
É sentir sem sentimentos, por não conseguir sentir
Naquilo que se transformou.
Por em dúvida se sente mesmo, ou se isso nele se esgotou.
É viver em função de algo que sabe não existir.
É não se entregar à dor por não a sentir.
É sentir nas amarras da vida, a liberdade do Ser.
É conseguir alcançar sem nada pretender.
É embrenhar-se no mundo para conseguir desaparecer.
É abdicar do que é, pelo que sente ser.
Dizem que tem elevação nas ideias, mas é engano.
São as ideias que o levantam e o elevam.
Consegue tirar água da fonte que já secou.
Consegue encontrar sem procurar, o que ninguém tentou.
Consegue sair de onde nunca entrou.
Poeta é apenas um Ser
Que hibernou.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
PÁGINA EM BRANCO
A página em branco é um desafio.
Olha-a e sinto que me vê de forma profunda.
É ela que arranca de mim tudo o que não sei dizer.
Quando lhe transmito o que vê, acho-me louca.
Ela sorri com ar concordante, mas não dá resposta.
Aguarda, apenas com o aceno da linha em branco,
Para que eu avance. Pergunto para onde e porquê?
Para que serve o que sai? Ninguém lê.
E se lê, fará sentido o que nem sentido tem para mim?
Sinto que amuou, a página em branco.
Talvez receosa por não ser preenchida
Ou talvez por me conhecer como ninguém.
Eu e ela somos uma.
Mas existem os computadores! Ela não quer.
Diz simplesmente…isso é para depois.
Depois faz comigo que quiseres.
Mas agora sou eu e tu, cara a cara, com um elo de ligação;
A caneta. Cordão umbilical entre ti e mim, acresce um dedo.
Mais um…o do sexto sentido, que te permite falar comigo.
Assim, depois de cumprida a tarefa, podes passar-me a limpo.
Amarrotar, rasgar e destruir. Já fiz o meu papel.
Do branco de mim, tirar de ti a cor
Que jamais conseguirias sem mim!
Dina Ventura – Maio 2009
terça-feira, 12 de maio de 2009
PUBLICADO POR TER SIDO ACEITE - GRATA
PAZ e LUZ.
Nunca me sinto só mesmo quando estou.
Estou sempre com o pensamento que por vezes não me deixa descansar.
Irrita-me a sua insistência, a sua presença constante de incitamento.
Peço-lhe folga, um instante que seja, para me sentir só e ele reage
Pensando mais ainda.
Reflicto. Só o posso fazer, pois algo quererá.
Acordei já em continuidade de pensamento e ele segredou-me.
Como falas com alguém que não conheces?
Como estabeleces contacto com alguém que não sabes existir?
Não cheguei a conclusão alguma. Pois não existem definições para tais questões.
Embalo então na conversa com o pensamento
E deixo fluir, na loucura do permitir.
Permito que ele seja gente, que não se vê mas existe
Que não tem voz mas nunca está calado
Que não tem forma fixa e que muda a cada instante.
Surge de rompante.
E é na ponta da caneta que se exorciza, que o combato.
É algo mais forte que tudo.
Como se pensará sem pensar?
Onde estará o pensamento quando não se manifesta?
Agora está em diálogo com alguém que não conheço.
Mas reconheço. E fala e diz-me que nos conhecemos, sem conhecer.
Que não nos iremos ver e sim e apenas encontrar.
Há um pensamento comum.
Uma força de mistério que desaproxima quem está próximo
Pela admiração e pela distancia do espírito.
Mas existem são reais, são humanos e parciais.
Nada mais há a acrescentar.
Apenas agradecer a alguém que admiro, a inspiração que me deu
Para concretizar a minha última, melhor penúltima tela.
Que se chama O Corvo!
Dedico-a a si, não pelo que ela representa mas pelo oposto dela mesma.
Dina Ventura Maio/2009
segunda-feira, 11 de maio de 2009
TEXTO DE APRESENTAÇÃO DO CARTAZ
Texto elaborado por César (Mutes pintor) e por Ana Lebreiro.
"Graças às novas tecnologias, foi possível juntar 4 amigos sem nunca se terem cruzado até há um dia atrás...
Não escolhemos o assunto pois o segredo das obras está aí, na concordância do assunto e do temperamento do autor. Na nossa arte, procurar nada significa, o que importa é encontrá-la no seu lugar de liberdade entre o pintor e a tela, sua confidente... A arte não teria lugar na história se os limites do mundo conhecido não tivessem recuado, e os meios de o conhecer alargado à medida das suas transformações e das suas necessidades, numa tentativa de reconciliar a existência do sentimento de cada pintor, com visão dos seus medos, alegrias, tristezas, loucuras e outros estados de espírito. Esta é a arte de Ana Gonçalves, Ana Lebreiro, César Amorim (mutes) e Dina Ventura, numa tentativa de racionalizar um conflito de emoções existente dentro de cada um. Mas… mais importante do que a obra propriamente dita, é o que ela vai gerar na visão do espectador.
As artes não são concebidas como acções historicamente invariáveis do género humano, nem como arsenal de “bens culturais” que vivem uma existência sem tempo, mas como um processo que avança sem cessar, como um (work in progress) do qual toda a obra participa, porque pintar é fácil quando não se sabe… quando souberes deixa de o ser."
A exposição terá lugar no Instituto Politécnico de Viseu, onde também estarei presente sentindo-me uma privilegiada no meio dos "profissionais".
Obrigada a todos eles e ao trabalho activo do César.