Dizem que alguma escrita denota uma alma inquieta, remexida e em busca. É uma verdade. No entanto, ela está sentada, quieta, serena, tranquila e apenas medita. E medita através da escrita. Evolui na contemplação do que imagina, Nos caminhos que percorre, mesmo com os pés magoados. Nada a faz parar. As asas? Queimou-as de tanto pensar. Mas pairou! Nem delas precisa para Voar! Flutua no mar, em terra, no ar e no fogo. Ela é mais um elemento dos Elementos E sendo o principal para que eles existam. Sempre se esquecem de juntar o seu nome ao deles. Porque será? Porque não se vê e confundem-na com o ar? Porque é essencial e a misturam na água? Porque é terra e a colocam nas profundezas? Ou porque é fogo e têm medo de se queimar? Não, ela é tudo isso sim! Mas mais ainda… Ela é os Quatro Elementos mais Um.
Como podem as pessoas pensar, apenas apoiadas no que vêm? Dá-me angústia se um dia eu o fizer dessa forma. Imagino fazê-lo e deixo de Ver. Porque serei assim? Porque consigo enxergar para além do que vejo? Sinto-me incapaz de ver. Nem quero saber o porquê disso, nem o porquê do contrário. Apenas quero que me deixem ser, o que um ser é capaz de Ser. Todos deixam. Têm de deixar, porque não são eles que vêm por mim. Eu vejo da forma como quero, penso e sinto. É bom, é mau, é complicado? Será. Mas é assim que eu fui, sou, serei e voltarei a Ser. Nada me pode mudar até que alcance, o que está ao meu alcance Estando para Além de mim. Não é complicado é, simplesmente, muito simples quando descodificado. Falam em personalidades duplas, triplas e até absurdas. Mas que sabem de absurdos os que não Conhecem o que é? Que afinidades sentirão com o que não conhecem nem são? Deixem Ser e sejam apenas!
O que se sente quando se gosta? Todos perguntam! É prazer? É paz? É medo?
É um misto de angústia e bem-estar. Um medo de estar perto por depois já não estar?
Nada consegue controlar o Gostar profundo e oculto, que não se sabe a origem.
Tudo deixa de ter valor e tudo passa a ser valorizado.
São contradições em catadupa que acabam por colidir, eliminando-se umas às outras,
Restando apenas, a certeza de que se gosta e que não vale a pena analisar.
O Gostar, é o sofrimento no seu mais sublime elemento. É o contra-senso do que é verosímil.
É o não se querer, por se saber que quando se tiver se perde o que tanto se quer preservar.
Nada se explica. Apenas acontece. É a alma que não se conforma com o que sente,
Não quer deixar de sentir, mas rejeita para que não acabe.
O gostar só se alivia quando sublimado, na dádiva da partilha, sem nada pedir em troca.
Mas não conseguindo deixar de lutar ferozmente, para não querer.
Só os poetas conseguem definir o verdadeiro gostar?
Por ser sofredor e alimentar a chama da poesia?
Do prazer enaltecido pela perda e pelo abstracto do concreto?
É por essa razão que talvez as contradições sejam os ditames do Gostar.
São convulsões internas, que constroem e destroem ao mesmo tempo,
Não se conseguindo edificar nem destruir. Será que há explicação para tais sentimentos?
Não, não há. Há pedaços de explicações, de momentos e de fragmentos
De pequenas coisas, que nos podem amenizar a dor de gostar.
É uma ferida sempre aberta, com vontade de se curar, mas sentindo prazer no sangue que derrama.
A entrega não é o bastante, nem suficiente, nem o caminho para o saciar.
É o saborear da dor que faz com que cresça e se torne palpável, audível e visível.
Tudo é bom e mau ao mesmo tempo, analisando-se mutuamente, trazendo a paz que a alma anseia.
Sente-se o aperto interior, que leva a ponderar porque dói. Não é por se sentir ou não sentir
E sim, porque é algo vivo, que tem vontade própria e que apesar de ser nosso não nos pertence!
É como guardar um tesouro pelo qual somos responsáveis, mas que não é nosso
E talvez por isso o medo imenso de o perder.
Ou que, descoberto o seu esconderijo, não tenhamos meios para o defender,
Contra os males do mundo e dos seus habitantes! É, uma ânsia constante de sobrevivência.
Empenho para encontrar caminhos, que nos conduzam a fugas seguras e que mais ninguém conheça.
É um bosque sem caminho demarcado, mas que nos dá a certeza, que bem lá no meio existe,
A gruta ideal para guardarmos esse tesouro, que não é nosso e a que ninguém pode ter acesso.
Mesmo sem caminho certo, embrenhamo-nos nele.
Quanto mais o fazemos, menos possibilidades temos de encontrar o regresso.
Que mais fazer? Avançar, ir em frente, sem perder a esperança, que algures estará o refúgio
Que pensamos existir mas ninguém conhece.
Existem palavras que todos queremos encontrar para poder definir e sentir, o que representam.
O Amar ou Gostar é uma delas. Apesar de sentir que magoa, o Amor é a Vida,
É o encontro com ela, entender-se e saber porque se está nela.
Assim se apaziguam todas as dores sentidas, pois todos os prazeres serão estragos,
Se não se aceita a vida e o que se faz com ela. Amo. Porque sinto dor. Isso é amar.
Contraditório? Não. Apenas uma forma de amar sem pedir nada em troca.
É uma dor, mensagem de Amor, de Paz e de Dádiva.
Não estou a inventar nada, que alguém ainda não tenha inventado.
Apenas estou a viver, de forma intensa, o que talvez muita gente não se atreva a fazer.
Que provoca? Talvez alhear-me um pouco do que me rodeia,
Centrar-me um pouco mais em mim e a fixação de atravessar o bosque,
Para poder repousar um pouco naquela gruta que sinto existir.
O choque de sentires anula-se e é nesse espaço neutro que me centro,
Respiro e preparo o dia de amanhã.
Amo a Arte e quando ela me corresponde sinto-me preenchida, apesar de saber,
Que possivelmente não lhe correspondo como ela merecia.
Na escrita, ela não quer que eu a repita, mas como farei isso?
Eu que não a sendo e sendo eu, como poderei dizer sem me repetir,
Se eu própria me repito e cometo os mesmos actos, erros e atitudes,
A um ritmo cadenciado de vivências e hábitos.
A escrita insurge-se contra ou a favor, mas nem sempre se deixa alcançar como o interior desejaria. Há algo sempre intransponível, de acessibilidade tortuosa,
Que as palavras não podem, nem conseguem definir.
Os recantos da mente têm uma capacidade deturpadora das sensações flutuantes.
O que é agora, acabou, ao ser escrito quase é obsoleto.
É a revolta das letras e a vontade de rasgar o papel.
Faz bem escrever, mas dá raiva e vontade de destruir o que se fez,
Por não se acreditar no que se disse.
São tudo contradições, num estado de vida com muitas razões de ser
E sem se conseguir enunciar nenhuma.
Há a felicidade da solidão e a tristeza de estar só.
Há, a luz de amar, sentir-se amado e não sentir o Amor.
Há sempre um retorno, mas nem sempre nos encontramos no local onde vai desaguar.
Ou por atrasos, ou por desvios de percurso e aí estão os desencontros com os retornos.
Mas é por essa razão que devemos abandonar a dádiva? Não.
Eu sinto que não, não sei é porquê. Será uma obsessão querer evoluir?
Será um convencimento egoísta de querer chegar a um patamar, que o ser humano não pode chegar? Então isso quer dizer que sou pouco evoluída.
Sim, porque se nem o que sou eu sei, afinal o que serei?
Mas acho, pressinto em mim algo que não tem explicação.
Serão um conjunto de “mins”. Como entendo Fernando Pessoa.
Mas como conviver com toda esta gente que nem conheço
E que sentem e pensam de forma tão diferente? Que fazer com todos esses males e bens?
Escrevê-los? Falá-los? Ensiná-los? Ou pura e simplesmente silenciá-los?
Mas não posso fazer isso, pois ficaria sem capacidade de comunicar.
Mas há uma vontade em mim, muito profunda, de descobrir
Um outro Eu, que sei que está lá e que ainda não se apresentou.
Porque não o conhecerei ainda? É uma incapacidade de ir mais além,
Que me restringe ao espaço que ocupa, que é mais longínquo
Do que consigo alcançar! Será a loucura? Ou os tormentos da dor,
Que anestesiam as capacidades do intelecto inconsciente?
Há a capacidade de voar, mas a construção das asas é um enigma.
Ultrapassar o pensamento, o sonho, a escrita, a pintura e o transcendente.
Não sei o que será. Não sinto vazio ou ausência, sinto sim,
O peso da presença e a quase explosão para se libertar.
Tenho de procurar ou encontrar, não do que sinto a falta,
Mas sim da intensidade da sua dimensão, que me consome
Na árdua tarefa da descoberta do que existe.
São coisas que não podem ser ditas ou escritas porque não existem definições,
Apenas são audíveis no interior.
Sinto-me por vezes estranha, num mundo estranho, que não me assusta, nem me mete medo,
Mas deixa-me sem reacção e faz-me sentir impotente para essa Busca.
Estou um pouco desinteressada pelas pessoas, pelo desumano que há nelas.
Acho que é isso. Falta de verdade, de pureza e nobreza, estou cansada!
Mas no entanto também não é. Sinto distância, não a nível emocional, mas a nível real,
Pelo menos é assim que estou a sentir hoje. Sei que amanhã deverá ser diferente.
Tudo estará diferente amanhã, apesar de parecer tudo igual.
Gostava de saber descrever este estado de espírito. Mas não tem descrição.
É algo leve, afastado, interiorizado aceite e próximo de mim.
Não vou responder à questão se sei porque estou a escrever desta forma,
Porque, claro que sei, se não como o estaria a fazer?
Agora posso responder é que, não gosto da forma como a caneta
Ás vezes pára, a aguardar que o pensamento a trespasse.
Isso irrita-me, assusta-me. O instrumento que eu sou
E que não está devidamente afinado para entoar,
Com transparência e clareza a melodia da Alma!
Por isso a dor nos sentimentos é a luta da alma tentando afinar este corpo,
Instrumento incapaz de entoar os cânticos,
Das vibrações emanadas pelo espírito.
Sinto-me imprestável para algo tão belo e com muita dificuldade
Em percepcionar os seus Sinais. O Universo envia-nos signos,
Todos dizem isso, mas estão sempre à espera que lhes traga resoluções.
Mas não é isso, o que ele pretende, é que nos descodifiquemos.
Que tal como Ele, o nosso, é uma imensidão de estrelas, planetas, sóis,
Buracos negros e explosões constantes.
Sempre em constante movimento e transformação.
Tenho de acompanhar esse movimento galáctico em mim.
Mas por vezes é tão rápido, que pareço não sair do mesmo lugar.
Tendo escrito sem quase a noção do que escrevi, levantei-me e parei.
Pensei nas partilhas. Porquê? Ao certo também não sei.
Talvez por ter movimentado o corpo, a mente parou.
Trouxe-me à realidade e fui puxada para a Terra.
Afinal o que procuramos todos nós com a partilha?
Que queremos afinal? É connosco, é com os outros?
Que os outros nos ajudem a tirar de dentro de nós, o que não está bem?
Ou que nos dêem pistas para chegarmos até lá, ou até eles?
Para não estarmos sós? Para podermos concretizar a ideia,
Que outros também andam em busca das mesmas coisas?
E sabemos quais?
Neste momento nada mais me apetece dizer, apenas ecoa na minha mente a música que estou a ouvir “the magical sound of the címbalo” e que é realmente um dom e um diálogo universal das almas. Bem hajam então, a todos aqueles que podem, querem e sabem partilhar com outros o seu amor por algo…o seu Amor em forma de dádiva.
Tema de difícil acesso, que não me permitia escrever sobre ele. Porquê? Nem eu sei talvez por nunca ter pensado nele, ou melhor por nunca o ter sentido. E que sentido tem escrever sobre o que não se sente? Faz, nem que seja por desafio. Portanto vou falar sobre ele. Mas é tão complicado para mim, que só pode sair coisa complicada. Quando isso acontece é porque algo não está esclarecido então vamos ver o que consigo saber!
De origem grega “sem nome” este senhor é uma qualidade ou condição do que é anónimo e sem assinatura. Da sua origem provém obras muitas antigas às quais não se podem atribuir os autores mas que valem pelo que são. Será que foi isso mesmo que eles entenderam à altura e apenas faziam pelo simples facto de o quererem fazer? Mas por outro lado também pode ser parcial, pois no meio de tantos outros o que representa mais um afinal?
Quem sabe se o anonimato não carrega também a cobardia?
Mas com a evolução tecnológica, também se tornou doutor, passou a acto opcional de permitir manter a identidade escondida de terceiros.
Sem deixar de ser substantivo e portanto o que designa uma substância ou um ser, que designa qualquer coisa, animal, pessoa ou planta, acaba por se contradizer e não definir coisa alguma.
Pois, representa um estado sim, mas do que é anónimo e, nesse caso, um sem nome. Mas é também um sistema de escrever, pintar ou algo fazer sem assinar. Mas um autor desconhecido que não passa desse estado, deixa de ser? É muita ingratidão. Mas também é um palavrão que se chama desinviduação.
Não é tão simples estar no anonimato por tudo o que pode ou não conter. Melhor seria sair dele e não se contagiar com o que dele advém:
Com estimulação sensorial em excesso, concentra os recursos cognitivos na integração e interpretação de todos os estímulos. Sobrando muito pouca disponibilidade para reflectir sobre as suas acções, contribuindo assim para esse estado de palavrão imenso, quase não tendo consciência disso mesmo.
A auto consciência reduzida, pode conduzir à diminuição do medo de avaliações negativas. Resumindo e “descomplicando”, se não sabem quem sou posso fazer o que me der na real gana, para bom português correcto e palavroso.
Mas continuando na forma ritmada do estudo científico, apercebo-me que com os recursos cognitivos concentrados na interpretação de toda a estimulação sensorial que recebo, perco a disponibilidade para manter o circuito de feedback responsável pela auto avaliação e consciência das acções activas. Assim, posso tornar-me menos consciente de mim e do que faço, aumentando o palavrão. Desindividuação.
Esta diminuição é potenciada pelo embrenhar-me na multidão, aí perco a minha individualidade pessoal, se é que a perco, para adoptar uma identidade de massa. Na “alma colectiva” a mente individual funde-se, podendo converter-me num ser sem vontade própria e disso me esquecer. Posso concluir que o anonimato liberta a consciência, pois não corro o risco de ser descoberta, apontada ou criticada. Não darei aos demais a possibilidade de me criticarem, de me avaliarem pela minha ausência substantivada.
Induz-se o anonimato “despindo” o indivíduo das suas características individuais ou seja, daquilo que faz dele o ser único, ou melhor ainda, impossibilita os outros de o reconhecerem individualmente, faz-me até acreditar que não serei reconhecida.
Grito que quero sair do anonimato e grito porque ao sair, sou apontada e é-me incutida uma certa difusão de responsabilidade ainda maior, donde advém a sobrecarga de dados sensoriais.
Mas que carga de trabalhos!!!!
É muito controverso o anonimato. Quando assim se sente, será que não me torna mais permeável aos interesses da multidão? Não, não é verdade pois tornar-me-ia irracional!
Mas tenho de ter muito cuidado porque anónima no seio de um grupo pode potenciar em mim comportamentos de cariz anti-social e sem normas. Mas que digo?
Que ma pessoa ao considerar-se no anonimato, se sente um elemento estranho no meio de um grupo e que provavelmente exibe normalmente um comportamento inibido? O não ser conhecido diminui a importância que se dá às coisas ou às acções, ou às obras e por consequência da auto consciência e auto avaliação das mesmas, pela desmotivação? E isso que trará? Raiva? Impulsividade desmedida, tornar-se anti-social e anti regras, agindo sem primeiro premeditar as consequências das acções? E lá vem o palavrão. Ou será o contrário? Quando se sai do anonimato vê-se e sente-se a identidade individual reduzida, deixa de se identificar consigo mesmo e com as suas normas, adquire-se uma identidade social e nos comportamos de acordo com aquilo que o grupo vê normal? Ou será o contrário? Não se irá pensar nas acções enquanto indivíduo e reagir refugiando-se na inibição, encontrando-se finalmente no meio da multidão com um nome, que todos vêm, mas que ninguém conhece não deixando de estar no anonimato?
Muito difícil e no final fiquei na mesma! Afinal ser ou não é a questão! Bem depois de tudo isto não sei que fazer, que assine por baixo ou simplesmente deixe em branco! Mas algo interior me diz, assina porque não? Mesmo que não te conheçam talvez reconheçam que te preocupaste com o tema sem sair dele!
Armadilha de Eros
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Provocador da loucura é o amor enfeitiçado
Amantes e filósofos em rituais se lhe submetem
Filho da desordem sedutor desejo de atracção sensual
Coadjuvant...
A Big Question
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*Fotografia: Nuri Bilge Ceylan*
"Uma das questões primordiais da Humanidade é a de saber até que ponto o
homem é naturalmente bom ou naturalmente mau.
Se...
Não tenho muito a dizer, apenas sinto que estou por cá para evoluir como ser humano e que para isso terei a cada dia que passa ter uma maior capacidade de aceitação, com tranquilidade e muita paz.